Produção do formulário em contínuo.

  • Referência
    «Os formulários», Expresso, de 21 de janeiro de 1989.
Assunto

Polémica em torno da produção do formulário em contínuo e recentes investimentos da INCM nesta área.

Ficha

«A produção do formulário em contínuo tem motivado alguma polémica entre as empresas privadas do setor e a Imprensa Nacional, que também é sua produtora, não obstante as críticas do setor privado. Para defender as respetivas posições temos Joaquim Mestre, administrador da Imprensa Nacional, e Alberto Pinto, administrador da Copinaque.

[Joaquim Mestre]
A Imprensa Nacional sempre foi uma grande produtora de impressos do Governo e da Administração Pública. Neste sentido, estamos há muito mais tempo nesta atividade que as outras empresas do setor. Com o desenvolvimento da tecnologia e da transformação dos impressos em formulários em contínuo, imposta pela introdução da informática, a Imprensa Nacional viu‑se na situação de não corresponder às solicitações dos seus clientes, passando a servir de intermediário para as empresas que trabalhavam no formulário em contínuo. Quer isto dizer que, na ausência de investimentos, ficámos obsoletos tecnologicamente.
Para responder a esta situação fizemos, de facto, alguns investimentos, mas para continuarmos num setor que já era nosso. Na realidade, não fomos nós que entrámos num novo mercado, este é que foi invadido por outras empresas. O que estas não podem é defender a concorrência quando lhes convém e criticarem as empresas públicas quando a concorrência destas lhes é desvantajosa. As medidas que tomámos foram de simples racionalidade de gestão, considerando que este setor representa cerca de um terço do volume de negócios da Imprensa Nacional.

[Alberto Pinto]
A característica principal do Mercado de Formulários em Contínuo para Computadores é a presença e atuação da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, que conduz, em nossa opinião, uma enorme contradição entre aquilo que é dito e escrito pelos diversos responsáveis governamentais e a prática que é imposta no dia-a-dia a mais de duas dezenas de empresas privadas que são responsáveis, no seu conjunto, por mais de um milhar de postos de trabalho.
Numa altura em que o Estado pretende alienar grande parte do capital que detém em várias empresas, situação que é bem conhecida de todos, existe uma outra, bem diferente e desconhecida do cidadão comum, de aumento da intervenção estatal no setor gráfico, e através de uma empresa pública que faz vultuosos investimentos na compra de equipamentos.
Por outro lado, a concorrência desenvolvida pela Imprensa Nacional é, quanto a nós, perfeitamente ilegítima, pois essa empresa detém o exclusivo de dezenas de impressoras e formulários em que pratica preços com elevadíssimas margens e que lhe permite nos outros casos, e em concorrência com as empresas privadas, praticar prelos com margens reduzidas, nulas ou até negativas.»