“(…) Tenho a honra de remeter a V. E. o incluso recibo de 33.333 réis, importância do auxilio prestado ao Diário do Governo pelo Ministério do Reino relativamente aos primeiros quatro meses de 1850, visto que desgraçadamente desde Abril do dito ano foi suprido o mesmo auxilio; e rogo a V. E. que se digne de solicitar o pagamento daquela quantia, que o Cofre desta Casa adiantou à Empresa do Diário do Governo, e pela qual a mesma Empresa é responsável.
Mais dum ano se tem passado depois que teve lugar a supressão do auxilio, e eu não reclamei imediatamente a indemnização daquela quantia porque esperava que a Ex.ma Junta Administrativa do Cofre comum da Secretaria de Estado tivesse a oportunidade de representar pelo restabelecimento do dito auxilio que a meu ver foi tirado injustamente. A Imprensa Nacional quando mandava a conta da despesa mensal do Diário do Governo abatia logo a importância de cinquenta mil rs, relativa a um mês do auxilio de 600.000 rs. Anuais, e só muitos meses depois recebia dos diferentes Ministérios essas importâncias. Alguém disse que o auxilio era para a Imprensa Nacional e não para a Empresa do Diário, e esta informação inqualificável determinou o Governo a suprimir o benefício que a Empresa gozou desde 1840. Parece-me que seria muito conveniente aos interesses da empresa esclarecer e rectificar estas circunstâncias perante os E.mos Ministros da Coroa, para de novo houvesse aquele auxílio, que nos fosse concedido pelos mais justos fundamentos.
Peço desculpa se por esta lembrança posso ser tachado de ousadia, asseverando V. E. que não me move a dúvida de que a Ex.ma Junta deixe de ter muito a peito os deveres da sua administração; mas cabendo-me a honra de pertencer a uma classe de que V. E. é um dos dignos representantes, parece-me não exorbitar sugerindo alguma ideia que possa concorrer para o interesse comum da mesma classe.

(…) em 17 de Julho de 1851

Ill.mo e Ex.mo Sr. Conselheiro Oficial Mor da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino

– dos Negócios Estrangeiros

– dos Negócios da Fazenda

– dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça

O Administrador Geral
F.” (nº 5/2ºsemestre)