Nota humorística sobre a exposição de ex-líbris.

  • Referência
    «Os ditos da semana», Sempre fixe: semanario humoristico, de 6 de outubro de 1927, p. 2.
Assunto

Nota humorística, publicada no Sempre Fixe sobre a exposição de ex-líbris.

Ficha

«A exposição de Ex-líbris foi o acontecimento da semana.
Aquilo que parece uma coleção de selos, representa trabalhos de Hércules… Derouet.
Caiu tamanha chuva de papelinhos sobre a Imprensa Nacional, que a polícia chegou a pôr-se em campo, tomando os papelinhos por manifestos subversivos e clandestinos. E afinal, nada de menos clandestino, porque cada papelinho traz um nome. Subversivo, sim. Aquilo é subversivo, porque produz, pela certa, uma revolução na arte. Os artistas portugueses estão de prevenção, com os lápis assestados. Tomaram-se as embocaduras das ruas do Mau-Gosto, e nunca mais será possível deixar passar coisa que não valha. Poderão dizer que se trata de um caso de intervenção estrangeira, mas deixá-lo.
Assim como temos importado lá de fora o cinema e a telegrafia sem fios, as saias por cima do umbigo e o Charleston por baixo das danças cafreais, também de lá podemos importar uma lição de arte como aquela.
Luís Hércules Derouet, é tu cá, tu lá com o rei da Bélgica, com o rei de Espanha e com os Trotskis da Rússia Vermelha.
Depois destes trabalhos forçados dos Ex-libris, que chegam para dar cabo dum homem, teremos, naturalmente, um Ex‑Derouet.
Perde-se um diretor da Imprensa Nacional, mas ganha-se uma lição de arte e de bom gosto.»

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