Festa das flores na Imprensa Nacional.

  • Referência
    «A festa das flores na Imprensa Nacional», O Occidente: revista illustrada de Portugal e do estrangeiro, n.º 1274, de 20 de maio de 1914, p. 165.
Assunto

Festa das flores, organizada pela Imprensa Nacional, incluindo referências à decoração de equipamento.

Ficha

«Com a primavera reanima-se a vida da cidade em todas as manifestações da atividade citadina, de congressos, concursos, exposições, concertos e festas associativas, principiando pelo primeiro de maio, que o operariado escolheu para o seu dia de gala e de confraternidade.
Pois é uma festa operária que dá motivo a estas linhas, uma festa duplamente simpática e significativa, porque tomou por pretexto as flores, encanto dos sentidos, e afirmou progresso de educação nos que a promoveram e levaram a efeito de modo brilhante.
Era próprio que a classe tipográfica, aquela, por ventura, mais ilustrada do operariado português, iniciasse uma festa civilizadora, escolhendo para o efeito, e muito bem, as flores, que ora se estendem em matizados tapetes pelos campos do nosso lindo Portugal, ou se erguem e alcandoram pelos parques e jardins, em coloridos arbustos e maciços de encantadores roseirais de estonteante fragrância.
Foram os tipógrafos da Imprensa Nacional, os iniciadores da festa das flores, conjugada com a festa do trabalho, ideia graciosa, posta em prática com o brilho e encanto que o público que visitou naquele dia a Imprensa nacional, pôde observar e admirar.
As oficinas afestoaram-se de galas, as máquinas e as mesas de trabalho cobriram-se de flores em caprichos de arte, e quando não bastasse todo este encanto para a vista, em que cooperam dedicadamente os Srs. José António Pereira e João Firmino das Neves, juntou-se-lhe as harmonias da música pela banda de Infantaria 5 e a orquestra do Asilo dos Cegos António Feliciano de Castilho.
A Imprensa Nacional abriu as suas portas ao público, que encheu as vastas oficinas curioso de gozar a festa que se lhes proporcionava, a qual foi inaugurada com a presença do Chefe do Governo Sr. Dr. Bernardino Machado, ministro da instrução Sr. Dr. Sobral Cid e governador civil Sr. Dr. Cassiano das Neves, os quais acompanhados pelo Diretor da Imprensa Nacional Sr. Luís Derouet, visitaram todas as oficinas, elogiando a bela disposição em que tudo se encontrava, sendo de notar o aspeto das oficinas, transformadas como que em jardins, e a arte com que os diferentes maquinismos estavam lindamente decorados de flores, profusamente distribuídas.
Numa das gravuras, que abaixo se vê, avulta uma máquina de imprimir, artisticamente decorada de flores a guisa de automóvel, de belo e surpreendente efeito, atestando o gosto e fantasia do autor.
O Sr. Dr. Bernardino Machado num breve e elegante discurso, notou os progressos realizados naquele estabelecimento do Estado e que maior incremento tem tido sob o novo regime. O Sr. Dr. Sobral Cid falou da influência da educação social e artística que bem se manifestava naquela festa tão honrosa para os operários da Imprensa Nacional como para o diretor daquele estabelecimento Sr. Luís Derouet.
Como complemento da festa, o Sr. Raul Leal recitou primorosamente uma poesia de Gomes Leal, o Sr. Artur Pereira Mendes leu com bela dicção uma poesia de Guerra Junqueiro e o Sr. Norberto de Araújo, uma poesia de sua composição. […]»

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