Exposição de fotografia promovida pelo Grupo Desportivo.

  • Referência
    «Arte Modesta, mas arte a valer: uma interessante exposição de fotografia que honra um organismo operário», Gazeta dos Caminhos de Ferro, de 16 de janeiro de 1938, pp. 50-51.
Assunto

Exposição de fotografia promovida pelo Grupo Desportivo da Imprensa Nacional.

Ficha

«Se há indivíduos de comprovada cultura artística capazes de identificar conscientemente os méritos de arte expressos numa tábua de qualquer afamado pintor quinhentista e, também, de avaliar o que há de nitidamente belo na conceção duma tela dos nossos melhores contemporâneos, não quer isso dizer que se limitem a apreciar só a grande arte. Verdadeiros conhecedores das manifestações de prática artística, espíritos esclarecidos nesses assuntos e mestres soberanos da crítica sã, indivíduos de abalizada competência, admiraram interessados e detidamente a Exposição de Fotografia que um núcleo de rapazes gráficos, de vontade sadia e sob bem ordenada direção se resolveu a apresentar em público.
É que tipógrafos, impressores, litógrafos, encadernadores, revisores, fotogravadores, galvanoplastas, mecânicos, enfim todos os que laboram no livro e no jornal têm para sua honra um violino de Ingres que lhe amenize o espírito nos seus esquivos momentos fora do forçoso dever das quem ocupações de trabalha.
[…]
Por isso, no primeiro estabelecimento gráfico do País, a Imprensa Nacional de Lisboa, a cultura artística dos seus componentes operários não é um símbolo apagado, ilusório, ou hipotético.
Há entre esse pessoal elementos vários que nas diversas manifestações da arte, ou do espírito, evidenciam com exuberância predicados culturais muito apreciáveis, lisonjeiros mesmo, e que se impõem pelo valor real em si contido à justa admiração de quem os nota e observa.
Este exórdio vem a propósito duma interessante exposição de fotografia de amadores, que no passado dia 8 se inaugurou na sede do Grupo Desportivo e Recreativo do Pessoal da Imprensa Nacional de Lisboa, situado perto do referido estabelecimento e que durante uma semana fez para aí convergir centenas de pessoas apreciadoras de arte, e muitos curiosos da bem evolucionada invenção de Daguerre e Niepce que, certamente se deram por satisfeitas pela feliz oportunidade de ver curiosos e marcantes trabalhos de fotografia.
[…]
A propósito, elucidaremos os nossos leitores que, por circunstância casual, e que não deixa de ser interessante registar-se, a abertura desta exposição coincidiu com a do III Salon dos Operários da Imprensa francesa que, como as anteriores alcançou um verdadeiro sucesso com a apresentação de magníficos desenhos a pastel, aguarelas, óleos, e miniaturas à pena, cópias de iluminuras e fotografia colorida.
Hurrah!, pois, pelos operários gráficos que sabem dignificar a sua profissão, elevando-se no nível cultural pela prática efetiva de belas extenirizações [sic] da arte.»