“Para o Ministro da Fazenda

(…) No antecedente oficio, que tive a honra de dirigir a V. Ex.ª em data de 9 do corrente, pedindo-lhe se servisse mandar dar a esta Repartição 1:000.000 réis, por uma ou duas vezes expus a V. Ex.ª os urgentes motivos desta requisição. Receberam-se 500.000 réis na semana passada por conta dela, e esta soma, com a de 627.944 réis de uma requisição do Ministério das Justiças, que há tempo se acha no Tesouro a favor da Imprensa, e que eu julgava também lhe seria então entregue têla-ia habilitado para satisfazer a duplicada necessidade da compra do papel, e pagamento das férias; porem a requisição do Ministério das Justiças mão foi preenchida, e isto produziu um grave embaraço, que na presente semana se faz sentir ainda com dobrados inconvenientes. Não posso deixar de reconhecer que do apuro das actuais circunstancias provem este mal [?] mas é forçoso que eu declare a V. Ex.ª, que subsistindo ele não posso tomar sobre mim a responsabilidade da conclusão dos trabalhos que o Tesouro exige no prazo determinado. V. Ex.ª bem sabe, que no fim do ano quando os Negociantes tratam de apurar fundos, e fechar os seus respectivos Balanços, têm mais dificuldade, ou antes se recusam a entregar fazenda a credito. Esta circunstancia faz com que eu não possa conseguir agora do fornecedor uma considerável porção de papel sem lhe dar algum dinheiro em proporção. Torno a lembrar a V. Ex.ª, que só para os Conhecmentos de Décima, e Orçamento, sem f for sealar em muitas outras coisas, e nas Contas do Ministério da Fazenda e Tesouro se precisa de papel no valor de 4:000.000 réis. Lembrarei também a V. Ex.ª, que os trabalhos mais dispendiosos desta cada são de jornal, e que a falta, de regular pagamento de férias, alem de ser muito gravosa aos operários, prejudica a certeza e perfeição do serviço; à vista do que acabo de expôr, e que julguei necessário dizer a V. Ex.ª, para motivar o meu pedido, e salvar a minha responsabilidade, no caso de não ser possível que V. Ex.ª o satisfaça: V. Ex.ª determinará o que for servido; ficando na certeza, de que me será impossível evitar, que haja considerável atraso até nos trabal057s mais recomendados a esta Repartição, se não receber na presente semana, além da 2ª prestação de 500.000 réis, o importe dos 627.944 réis, da requisição do Ministério das Justiças. (…) Lisboa etcª 16 de Dezembro de 1840. Ill.mo e Ex.mo Snr. Florido Rodrigues Pereira Ferráz. O Administrador Geral = José Frederico Pereira Marecos.” (pp. 40-40 v.)

Observações: Este livro de registos contém, à semelhança do volume anterior, muitos registos de apresentação de contas aos diferentes ministérios, bem como vários pedidos ao Ministério da Fazenda de fundos para fazer face aos custos de produção dos trabalhos solicitados pelas repartições do estado, nomeadamente para compra de papel e pagamento aos operários.