Ficha
«São longas as filas de gente que, nos últimos dias, frente à Livraria do Estado, procuram franquear as suas portas. Podemos pensar à partida que tal afluência se deve à época que atravessamos e que, próximo do Natal, alguns procuram, no livro, o presente para dar a amigos e familiares, numa tradição já muito arreigada. Sendo do Estado, o estabelecimento, é antes de mais, uma livraria, pelo que os bons livros que ali encontramos constituem sem dúvida uma valiosa e útil oferta, bem diferente das avidez [sic] do consumo, leva a vulgaridades que a simples adquirir.
Mas nada disto se passa. Todas aquelas pessoas, jovens na sua grande maioria, formando as já quase institucionalizadas bichas, pretendem apenas comprar este ou aquele modelo de impresso. […]
A realidade, a única coisa que ali se tem feito, pelo menos durante a anterior semana e estes últimos dois dias, é vender boletins de inscrição, destinados aos alunos do propedêutico ou da faculdade.
Única, ou quase única depositária destes boletins, a Livraria do Estado tem, agora, o rosto de uma anquilosada repartição pública, afundada na burocracia. […]»