Crise do setor gráfico.

  • Referência
    MURALHA, Pedro, «A Crise, Alastra», O graphico: orgão official da União das Artes Gráphicas, n.º 6, de 1 de julho de 1908, p. 4.
Assunto

Crise de trabalho no setor gráfico, à escala nacional.

Ficha

«[…] Não concordamos em absoluto com o limite de qualquer ramo de indústria ou de comércio; propagámos sempre a sua liberdade, e seríamos nós os primeiros a levantar o nosso veemente protesto se se tentasse limitar as tipografias.
Os monopólios são sempre perigosos, e só revertem a favor dos capitalistas que os exploram; devemos ter em vista, todos esses monopólios que para aí existem com grande prejuízo dos operários e do próprio público; porém, o que também não deixaremos de condenar é a forma como na classe tipográfica se fazem preços aos trabalhos; muitas vezes o próprio caixeiro, leigo no assunto, que não deixa sair o freguês sem lhe fazer o trabalho, ainda que ele dê prejuízo à casa, — que geralmente tais disparates saem do bolso do pobre tipógrafo.
Enquanto não existir na indústria uma tabela de preços de maneira a obrigar o freguês a procurar a casa que trabalha com mais perfeição e não a que lhe faça o trabalho mais barato, nunca a crise alcançará o seu terminus, antes pelo contrário: a crise de ano para ano se desenvolverá e a arte será mais afrontada.
[…]
É raro, muito raro, pegarmos num jornal diário, e não vermos um anúncio pedindo aprendiz de tipógrafo para esta ou aquela oficina. Oficiais, são banidos porque é necessário competir com o colega vizinho e só o trabalho sendo manufaturado por aprendizes de 80 reis se pode fazer, resultando dos factos acima mencionados […].»