Ficha
«Quando há 4 ou 5 anos Eduardo de Abreu, aquela desaparecida figura de idealista e visionário, propôs a criação de uma Comissão de Melhoramentos, com a cota de dez reis semanais, talvez que ele, no seu íntimo, preparasse o alicerce de uma Associação forte, que um dia houvesse de se afirmar com nobreza e largueza de vistas, aqui dentro da Imprensa. Mas não. A Comissão de melhoramentos, a que alguns poucos espíritos se ligaram com fé, cansou esses mesmos espíritos, depois de uma luta desigual e inglória, e deixou para lhe elevar a racional tentativa a Associação de Classe do pessoal da Imprensa. Em 1914 esta Associação mostrou que vivia apenas para, meses depois, se poder dar pelo seu desaparecimento. […]»
«Pois vamos nós agora inventar, como Eduardo de Abreu, uma Associação dentro da Imprensa, e vamos, sobretudo, para o conseguirmos, estabelecer uma base moral e educativa solidamente firmada, base superior e mais eficaz de que todos os fundos económicos e de que todas as medidas indispensáveis de receita.»
«A Associação cabe logicamente dentro das disposições regulamentares que vigoram; ela pretenderá solucionar, pelo comum acordo entre a Direção e o pessoal, problemas urgentes que reclamam muita atenção e critério; ela serve ainda para aproximar os indivíduos que apenas pelas suas categorias diferentes de ocasião, se afastam mutuamente, iludindo a solidariedade operária, que nem por ser um rebatido lugar comum deixe de se mostrar a base primordial de todas as melhorias e de todas as tranquilidades.»
«A nosso ver, a heterogeneidade da educação dentro [do] Estabelecimento e a desligação dos espíritos têm constituído todo o mal. O alheamento da maioria não é motivo suficiente a explicar tamanho desinteresse e tamanho abatimento. Tentemos pois a bem comum, com pertinácia e calma, ligando os espíritos nesta intenção, acordando a indiferença de muitos […] firmar a confiança mútua e então a Associação viverá […].»