Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    Correspondência Expedida - Ministérios. 1862-1866 - cx. 3; s.c.
  • Tipo de documento
    Ofício
  • De:
    Administrador-Geral da Imprensa Nacional, Firmo Marecos
  • Para:
    Diretor-Geral da Instrução Pública, José Eduardo de Magalhães Coutinho
Transcrição

«Em ofício de V. Ex.ª datado de 23 de janeiro último, foi-me remetido para eu informar, a representação do Vice Inspetor da Real Academia das Belas Artes de Lisboa, de 17 do mesmo mês, na qual este ilustre funcionário pede, não só que se conceda àquela Academia a propriedade da coleção de desenhos em bosquejo que, por portaria do Ministério dos Negócios do Reino, de 19 de dezembro de 1845, fora mandada passar por depósito da Imprensa Nacional de Lisboa, a quem pertence, para a referida Academia; mas também lembra a conveniência de serem para ali remetidas várias chapas gravadas que existem neste estabelecimento, e que o digno Vice Inspetor entende serem para ele de nenhuma utilidade. A coleção de desenhos a que se alude foi comprada em 26 de agosto de 1801, para a Oficina Calcográfica, Tipográfica e Literária do Arco do Cego, ao pintor Jerónimo de Barros Ferreira pela soma de 480$000 réis. Quando, por Alvará de 7 de dezembro de 1801 foi suprimida a supradita oficina, e incorporado tudo quanto dela fazia parte na Imprensa Nacional, então Impressão Régia, vieram para aqui vários pacotes contendo os mencionados desenhos, os quais foram arrecadados num antigo armazém, onde jazeram quase ignorados, até que as obras de ampliação do edifício projetadas e levadas a cabo pelo meu antecessor, obrigando a remover os objetos existentes nesse armazém, lhe ofereceram oportunidade de denunciar aos amantes das boas artes a existência de três desenhos. Estando eu já à testa desta casa foi solicitada a sua transferência por depósito, para a Academia, entendi então que me não devia opor a semelhante transação, e a remoção efetuou-se de feito, lavrando-se de tudo termo, com as solenidades consumadas, em 5 de fevereiro de 1846. Agora, coerente com as ideias que nesse tempo me inspiraram, declaro que me não oponho tão pouco a que a coleção de desenhos em bosquejo, a que se refere o zeloso Sup-Inspetor [sic] da Academia (pois é inegável que aqui de nenhum préstimo seria), passe a ser propriedade da dita Academia, uma vez que aqui me seja expedido documento que o autoriza, ressalvando a minha responsabilidade.
Em quanto porém às chapas não posso dizer o mesmo; as que possui a Imprensa Nacional são, em grande parte, ilustrativas de obras impressas, sob os seus auspícios e à sua custa, e por consequência seria imprudência privar-se delas.
Demais tenho adiantado os primeiros [passos?] para a restauração e ampliação em larga escala da nossa antiga escola-oficina de gravura de punções em todo o género, pondo-a a par do que há de melhor nos países estrangeiros mais adiantados, e completando-a com uma secção de estereopagem [sic] e galvanoplastia, eletrotipia e galvanografia, aperfeiçoadas; e nestas circunstâncias não só não devo prescindir das chapas, máquinas e utensílios em harmonia com os admiráveis progressos realizados nas artes gráficas, no intuito de quanto antes, poder dar plena execução ao projeto que concebi, e já se acha em auspicioso começo.»