Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    Correspondência Expedida - Ministérios. 1887-1894 - cx.7; s.c.
  • Tipo de documento
    Exposição
  • De:
    Administrador-Geral da Imprensa Nacional, Venâncio Deslandes
  • Para:
    Presidente do Conselho de Ministros e Ministro do Reino, José Luciano de Castro
Transcrição

[Exposição sobre a necessidade de contratar um mestre e adquirir equipamento para introdução dos novos processos:]
«Sucedem-se com rapidez extraordinária, quase vertiginosa, os progressos, aperfeiçoamentos e inovações nos diversos ramos das artes gráficas.
Tem a Imprensa Nacional de Lisboa procurado acompanhar esse assombroso movimento, em harmonia com a lei da sua criação, que lhe impõe o dever de constituir sempre como que uma escola e modelo no seu género. Para o fazer, porém, por modo verdadeiramente profícuo e honroso para o país, não basta conhecer os modernos processos pelos livros, tratados e publicações técnicas, que se recebem periodicamente e se encontra na excelente biblioteca deste estabelecimento, nem tentar […] ensaios, consumindo tempo em experiências dispendiosas e, por vezes, pouco felizes, é necessário, é urgentíssimo mesmo, mormente quando, quando agora, se tem generalizado o gosto das publicações luxuosas e ilustradas pela forma mais caprichosa, habitual pessoal suficiente na prática de todos os processos aludidos, e especialmente na dos que se denominam zincografia, fotogravura e cromotipia.
Para este fim, considero indispensável a escolha judiciosa de um artista, entre os reconhecidamente conspícuos, em tais especialidades, em Paris ou em Viena de Áustria, onde, segundo sou informado, com mais facilidade e em mais favoráveis condições se pode encontrar quem venha ensinar os nossos gravadores e estampadores, que os temos excelentemente preparados para esta aprendizagem.
Habilitados por este modo os nossos artistas, que se me afigura o mais económico e o de mais seguro êxito, ficará a Imprensa Nacional de Lisboa em circunstâncias de aceitar, sem grave comprometimento, os trabalhos, que me consta estarem-se preparando para sair a lume, e de que hoje, em verdade, lhe não é lícito assumir a responsabilidade, como a não pode tomar nenhuma oficina de Lisboa ou do Porto, e põe-se termo a uma falta, que não deixará de resto de ser, com plausibilidade, estranhada e repreendida.
Como é óbvio, além do artista, que cumpre contratar, é necessário adquirir com o seu conselho e indicação, algumas pequenas máquinas e aparelhos e outro material próprio para semelhantes trabalhos. Não creio que essa aquisição importe desembolsos que vão além da dotação ordinária deste casa, mas, ainda na hipótese figurada, persuado-me que a não excederá em quantia apreciável […].»