Ao longo das últimas semanas, a Imprensa Nacional tem vindo a disponibilizar dezenas de títulos da coleção «Essencial» e da coleção «Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa», no seu sítio da Internet (www.incm.pt) e no seu blogue editorial (prelo.incm.pt), de forma totalmente gratuita e partilhável. Da mesma forma, a Imprensa Nacional tem vindo a oferecer, em versão digital e gratuita, a histórica revista, que edita em parceria com o Museu Nacional de Arqueologia, O Arqueólogo Português, bem como 250 Anos da Imprensa Nacional. Uma Breve História (em 10 pequenos volumes).
A iniciativa alarga-se agora às mais emblemáticas coleções da Imprensa Nacional: as Edições Críticas.
A Imprensa Nacional assegura, até ao momento, quatro coleções de edições críticas: «Edição Crítica das Obras de Almeida Garrett», «Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós», «Edição Crítica das Obras de Fernando Pessoa» e a «Edição Crítica das Obras de Camilo Castelo Branco». Contam, todas elas, com grupos de investigadores e académicos de prestígio e renome, oriundos de várias instituições e nacionalidades.
Este processo de disponibilização digital é, compreensivelmente, um processo que é lento, caro e complexo. Assim terá de ser, necessariamente, progressivo e faseado. Os textos começarão a ser disponibilizados primeiro apenas para descarga e leitura e, posteriormente, serão fixadas as regras para utilizações distintas. Todo este processo é feito com a concordância total dos responsáveis pela fixação dos textos.
As primeiras obras a ficarem disponíveis são Amor de Perdição e O Regicida, da «Edição Crítica das Obras de Camilo Castelo Branco», uma coleção que tem atualmente 8 volumes publicados. A coleção é coordenada pelo académico Ivo Castro, da Faculdade de Letras de Lisboa, e conta com um vasto leque de investigadores.
O Regicida é, nas palavras de Abel Barros Baptista, «o romance afoitamente denominado histórico, seguramente mais regicida do que o próprio regicida que resgata do esquecimento – contra ‘as conveniências’ da história impressa e a bem dizer quaisquer outras.».
O presente volume tem edição de Ângela Correia.
Quanto ao título Amor de Perdição é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura e conta aqui com notas e edição de Ivo Castro.
«Faz-me tristeza pensar eu que floresci nesta futilidade da novela…», escreveu Camilo Castelo Branco, referindo-se, em 1879, ao seu Amor de Perdição.
O que porém ali floresce é a arte de Camilo, sobretudo o que faz a sua grandeza: a liberdade do romancista diante da novela, afirma Abel Barros Baptista a propósito deste romance.
De recordar que as edições críticas são as versões dos textos mais aproximadas da presumível intenção do seu autor. A edição crítica recua até à origem dos textos, até aos testemunhos deixados pelo seu autor, analisa-os detalhadamente, e fixa, por critérios cientificamente definidos para cada caso, a versão mais autêntica e mais próxima possível da genuína vontade do autor.
A Imprensa Nacional tomou a iniciativa de antecipar a disponibilização dos seus conteúdos digitais, assumindo, desde o primeiro instante, que esta medida pretende fazer face ao isolamento por que muitos portugueses estão a passar, académicos ou não e, ao mesmo tempo, incentivar a leitura, no contexto da pandemia COVID-19.
Estamos em crer que esta é também uma iniciativa que dá continuidade à primordial e já longa missão de serviço público inerente à editora pública: preservar e divulgar a memória e o património comuns. A Imprensa Nacional está sempre ao serviço da cultura e de quem a faz: a comunidade.