Skip to content
logo dark-logo logo dark-logo
  • Editora
  • Edições
  • Cultura
    • Notícias
    • Autores
    • Entrevistas
    • Opinião
    • Exposições
  • Digital
    • Livros em PDF
    • Audiolivros
    • Podcasts
    • Vídeos
    • Citações
    • Passatempos
  • Prémios
    • Prémios Literários
    • Prémio Jornalismo
    • Prémio de Arte
  • Infantojuvenil
  • História
  • Biblioteca
Search Icon Search Icon
Agenda Date Icon Date Icon Date Icon
Agenda Close
Calendário
Ver todos os eventos
Eventos
Agenda Image
01 Sex
«D — Coleção em Exposição» até 6 de março na Casa do Design, em Matosinhos
Sex, Out 10 -
Agenda Image
01 Sex
Apresentação do livro “O Essencial sobre José Saramago”
Sex, Out 10 -
Agenda Image
13 Sex
«A GLOBALIZAÇÃO DE ROSTO HUMANO» — Ciclo de Conferências
Sex, Mai 13 -
Agenda Image
18 Sáb
Workshop de Escrita Criativa «Meninos sonhadores inspirados por AZEREDO PERDIGÃO» (Loja INCM Porto)
Sáb, Jun 18 -
Agenda
Agenda Image
01 Thu
«D — Coleção em Exposição» até 6 de março na Casa do Design, em Matosinhos
Thu, Jan 01 -
Agenda Image
01 Thu
Apresentação do livro “O Essencial sobre José Saramago”
Thu, Jan 01 -
Agenda Image
13 Fri
«A GLOBALIZAÇÃO DE ROSTO HUMANO» — Ciclo de Conferências
Fri, May 13 -
Agenda Image
18 Sat
Workshop de Escrita Criativa «Meninos sonhadores inspirados por AZEREDO PERDIGÃO» (Loja INCM Porto)
Sat, Jun 18 -
Search Close Icon
left arrowVoltar atrás
  • Cultura
  • Edição Nacional

Edição Nacional | Amar como em Casa

Edição Nacional Opinião

 

O livro chama-se Para quê tudo isto e retrata — este é o melhor verbo — o Manuel António Pina. Se, no início, há algum receio de se ler uma hagiografia, esse receio perde-se à medida que a leitura avança. Álvaro Magalhães, o autor, era um dos melhores amigos de Pina. E isso poderia impedir um juízo real, porque a amizade é o que há de mais parcial. Mas não. Álvaro Magalhães faz o retrato certo: de um homem bom. Cheio das idiossincrasias, defeitos e obsessões que os homens têm – principalmente os bons.

Mas, nesta crónica, o livro é só um pretexto. Não para falar do Manuel António Pina, que conheci mas com quem não privei amiúde. Percebi-lhe o jeito para pentear o bigode, o olhar felino que trazia dos gatos (quando queria) ou o mesmo olhar amável que também os gatos sabem fazer quando querem. Editei-o numa coleção infantil das Quasi. Falámos de poemas e de poesia uma ou outra vez no Convívio (julgo que na companhia do Rui Lage, sempre). E ouvi-o, depois da morte de Eugénio de Andrade, no auditório da Fundação, na calçada que se dizia de Serrúbia, tomar o seu lugar naturalmente: era ele para quem olhavam no Porto para colmatar a morte do poeta da cidade.

Nesta última ocasião contou uma história. Fiz dessa história poema, há muitos anos. Juntei-lhe a amizade que o António Lobo Antunes tinha pelo Eugénio e o «Poema em Prosa» nasceu. Deixo-o no fim deste texto, para quem souber que o olhar felino também pode ser traquina — mesmo já quando crescido.

 

Talvez a biografia seja o pretexto para falar de fazermos nosso o que é de outrem. Voltei, depois de a ler, aos seus livros. São dos poucos que nunca se fecham (ele, o Franco Alexandre — a ele voltarei noutro dia —, e o Assis Pacheco, por exemplo). Tudo poetas cheios de jogos verbais, de formas retorcidas de torcer a linguagem. Tudo poetas opostos à limpidez eugeniana que me fazia encher o coração quando era novo. Será que envelhecer é isto?

E voltei e procurei os poemas que se tornaram meus — e de tantos, foi-se percebendo. Este de que roubo uma expressão, alterando-a tanto como ele alterava, heteronimicamente ou não, as dos escritores que admirava. «Regresso devagar ao teu / sorriso como quem volta a casa». É «O Amor como em Casa». Que assim se intitula porque assim termina: «(…) regresso devagar a tua casa, / compro um livro, entro no / amor como em casa.» Li vezes sem conta este poema, sei-o quase de cor, de coração. Mas sempre lhe vi «amar como em casa», algures. Erro meu — tanto erro como amor ardente.

Talvez seja isso, não sei. Apenas sei que o poema é do Pina mas que o amor é nosso.

 

Poema em Prosa

Para o António Lobo Antunes

 

Tive um encontro de Verão com o senhor José Fontinhas.

Eu, o Pina, o Lage, tantos que têm vazio o coração pela

falta de novos versos. Foi pelas seis da tarde, a água do

Douro continuava a luta contra as ondas, na Foz. As

 

palmeiras encostadas ao vento e, mais uma vez, o auditório

pequeno para tanta saudade. Tive um encontro, chamo

José Fontinhas ao telefone, por favor, gritava o empregado

no Piolho há quarenta anos, contava o Pina. Ele, reverente

 

ao Poeta pregava-lhe a partida mais inominável — a da

identidade. O dito José sentado na esplanada, contou,

chamo José Fontinhas ao telefone, por favor, o Pina

na cabine espreitando o olhar impávido, o sorriso

 

invertido do Eugénio. O senhor José morrera quando

matou o pai, o senhor Eugénio nascera do amor à mãe.

Mas faltou tanta gente junto aos ciprestes do cemitério.

Pensei que as vendedoras do Bolhão deixariam os verdes,

 

que os rapazes da Foz que ele tanto amava se chegariam

em tronco nu de mais um salto desde o cais da Ribeira;

que as borboletas viriam em enxames de cor pousar na

urna e esconder o castanho da madeira nova. As árvores

 

abanando as nuvens junto à foz e o Pina a contar da morte

lenta do nosso poeta. Aponto uns versos pedindo ao rio que

desista de afrontar o mar. Encontrei no Verão o senhor

Fontinhas. Hei-de ir a Lisboa bater à porta do senhor Antunes.

Publicações Relacionadas
  • EDIÇÃO NACIONAL é a nova rubrica de Jorge Reis‑Sá
    EDIÇÃO NACIONAL é a nova rubrica de Jorge Reis‑Sá

    31 Janeiro 2016

  • «O livro novo», na Edição Nacional, de Jorge Reis-Sá
    «O livro novo», na Edição Nacional, de Jorge Reis-Sá

    28 Janeiro 2022

  • A Pediatra | Edição Nacional
    A Pediatra | Edição Nacional

    21 Dezembro 2022

  • Lusco-fusco | Edição Nacional | Jorge Reis-Sá
    Lusco-fusco | Edição Nacional | Jorge Reis-Sá

    20 Novembro 2020

  • «Agulhas de croché» na Edição Nacional por Jorge Reis-Sá
    «Agulhas de croché» na Edição Nacional por Jorge Reis-Sá

    31 Outubro 2022

Edição Nacional Opinião Black tag icon
Publicações Relacionadas
  • EDIÇÃO NACIONAL é a nova rubrica de Jorge Reis‑Sá

    Há 2 dias

  • «O livro novo», na Edição Nacional, de Jorge Reis-Sá

    Há 2 dias

  • A Pediatra | Edição Nacional

    Há 2 dias

  • Lusco-fusco | Edição Nacional | Jorge Reis-Sá

    Há 2 dias

  • «Agulhas de croché» na Edição Nacional por Jorge Reis-Sá

    Há 2 dias

Go Top Icon
Footer Logo Footer Logo
  • Facebook Logo
  • Instagram Logo
Loja Online INCM
Editora
Edições
Cultura
  • Notícias
  • Autores
  • Entrevistas
  • Opinião
  • Exposições
Digital
  • Livros em PDF
  • Audiolivros
  • Podcasts
  • Vídeos
  • Citações
  • Passatempos
Prémios
  • Prémios Literários
  • Prémio Jornalismo
  • Prémio de Arte
Infantojuvenil
História
Biblioteca
Livrarias
Transportes

Autocarros: 58

Metro: Rato

Coordenadas GPS

N 38º 43' 4.45" W 9º 9' 6.62"

Contacto

Imprensa Nacional, Rua da Escola Politécnica, Nº135, 1250-100 Lisboa

213945772editorial.apoiocliente@incm.pt
© 2025 Imprensa Nacional
Imprensa Nacional é a marca editorial da
Privacidade Termos e Condições Declaração de acessibilidade