O mais recente volume da coleção «Edição Crítica das Obras de Almeida Garrett» integra os dramas Filipa de Vilhena e A Sobrinha do Marquês, e conta com edição de Sérgio Nazar David, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e editor de outras obras desta coleção. De salientar ainda que todo o trabalho de edição foi ainda acompanhado pela ilustre Professora Doutora Ofélia Paiva Monteiro (falecida em 2018) e por Maria Helena Santana.
Almeida Garrett começou a escrever a sua obra dramática ainda em Coimbra quando era estudante de Leis. Da sua vasta produção dramática contam-se tragédias em verso de feição clássica, peças cómicas, uma tragédia moderna em prosa – Frei Luís de Sousa – e dramas e comédias históricos, onde se inserem as peças Filipa de Vilhena e A Sobrinha do Marquês.
Filipa de Vilhena baseia-se num episódio da História de Portugal. Durante a dominação castelhana, uma viúva aristocrata, D. Filipa de Vilhena, arma os seus filhos adolescentes cavaleiros para participarem na revolução contra o rei espanhol. Filipa de Vilhena subiu ao palco do Teatro Salitre na noite de 29 para 30 de maio de 1840 e teve apenas uma edição em vida do autor, em 1846, pela Imprensa Nacional.
Quanto a A Sobrinha do Marquês foi representada pela primeira vez a 4 de abril de 1848 no Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa. No prefácio, Garrett afirmará que seu objetivo ao escrever esta peça não foi outro que salientar por meio do enredo e das personagens o ridículo de uma época. Para isso Garrett faz-se valer, como já fizera antes, de figuras paradigmáticas da história do país, no caso desta peça, a do Marquês de Pombal. A Sobrinha do Marquês teve não uma mas duas edições no mesmo ano e ambas identificadas como primeiras edições, em 1848, também pela Imprensa Nacional.
De notar que a presente edição de Filipa de Vilhena e A Sobrinha do Marquês é uma edição crítica e é por isso destinada a leitores exigentes. É nosso objetivo que ela se torne, para os estudiosos da literatura e da língua, um instrumento de trabalho seguro e enriquecedor, digno do lugar primordial que Almeida Garrett ocupa no património das nossas Letras e da nossa Cultura.