Considerado o representante mais genuíno do simbolismo português, Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, a 7 de setembro de 1867. Apesar da pequena dimensão da sua obra, de onde se destaca claramente Clepsidra, Camilo Pessanha é tido como um dos grandes poetas da Língua Portuguesa. Clepsidra, o seu único livro de poemas, foi publicado pela primeira vez em 1920, graças aos esforços de Ana de Castro Osório, sua grande amiga. Depois, foi o filho desta, João de Castro Osório, que ampliou a obra inicial acrescentando‑lhe poemas que entretanto foram encontrados. Com nítidas influências do simbolismo francês de Verlaine, Mallarmé e Baudelaire, a poesia de Camilo Pessanha é melancólica, extremamente musical — De la musique avant toute chose, como dizia Verlaine — e reflete uma refunda crise existencial e uma interpretação simbólica do mundo. Camilo Pessanha antecipa também algumas tendências modernistas, como a ideia da fragmentação. Viria a morrer em Macau, onde se encontra sepultado, em março de 1926.
Clepsidra, de Camilo Pessanha, é o mais recente audiolivro da Imprensa Nacional. Pedro Lamares é a voz deste audiolivro, que contou com o apoio à direção e revisão de Carolina Rocha e com os cuidados técnicos de Ruca Lacerda, a partir da edição da Imprensa Nacional, publicada em 2014 na coleção «Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa», com coordenação de Carlos Reis e edição de texto de Barbara Spaggiari.
* Curiosidade: Clepsidra, título simbólico que se refere a um relógio antigo, de origem egípcia, que media o tempo pelo escoamento de água num recipiente graduado, é um importante testemunho do acolhimento português da poesia europeia finissecular, sobretudo o Simbolismo, articulado com a sensibilidade decadentista. É, na verdade, uma construção poética cultivada como fragmento e representação difusa de uma realidade fugidia, a par do impulso para uma unidade remota, a consubstanciar na construção do livro.