Inserida nas comemorações do 180.º aniversário da Imprensa Nacional de Cabo Verde, a apresentação do livro Destino Aziago, de José J. Cabral, a obra vencedora do Prémio Literário Arnaldo França (4.ª edição), foi apresentada a 24 de agosto na Assembleia Nacional, na cidade da Praia, em Cabo Verde.
A cerimónia foi presidida pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Alberto de Figueiredo Soares. Raimundo Ramos Francês Lopes, Presidente da Imprensa Nacional de Cabo Verde, deu as boas-vinda na sessão de abertura deste lançamento, que contou também com a presença do autor, José J. Cabral, e com a de Duarte Azinheira (Diretor de Edições e Cultura da Imprensa Nacional-Casa da Moeda), que encerrou a sessão.
A apresentação do livro Destino Aziago ficou a cargo de Adelaide Monteiro.
Durante a sessão houve ainda a declamação de poemas de Arnaldo França, por Fátima Fernandes, acompanhados ao som do violão.
De recordar que o romance de José J. Cabral foi selecionado por um júri que contou com Manuel Brito-Semedo como presidente e do qual fizeram também parte a professora Maria de Fátima Fernandes e Paula Mendes, a editora-chefe da INCM.
A propósito de Destino Aziago, o júri disse tratar-se de uma obra que reflete sobre o «tema incontornável da diáspora cabo-verdiana» com uma «abordagem assinalável na construção sólida das personagens, no desenho emotivo da paisagem e na referência à história, cultura, tradições e dinâmica da sociedade cabo-verdiana, sobretudo são‑nicolauense». Do ponto de vista didático-pedagógico, o júri realçou ainda que Destino Aziago «possibilita aos leitores a oportunidade de ter acesso a uma trilogia que fecha o ciclo iniciado por uma obra basilar da literatura cabo-verdiana. Jovens e menos jovens leitores tomam, assim, conhecimento da história da terra cabo-verdiana, com o original feito de escrita a duas mãos, reconhecendo-se igualmente a dinâmica do percurso da identidade cabo-verdiana contemporânea pela chegada, através da ficção, de um dos períodos menos contemplados na historiografia literária nacional».
Além dos 5 mil euros do valor pecuniário do prémio, José J. Cabral, que concorreu com o pseudónimo Beto Zabel, vê agora o seu trabalho publicado com a chancela das duas editoras públicas: Imprensa Nacional, de Portugal, e Imprensa Nacional de Cabo Verde.
José Joaquim Cabral nasceu em 1962 na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde. Depois de concluir os estudos liceais no Mindelo, formou-se em Administração de Empresas, em 1990, no Brasil. Foi quadro do Instituto Nacional do Desenvolvimento das Pescas, exerceu funções de direção no Instituto Nacional de Estatística, ocupando-se com questões de planeamento, ambiente e desenvolvimento no município de Tarrafal de São Nicolau. Atualmente exerce funções no Conselho de Administração da Escola do Mar. Passou ainda pelo Gabinete do Ministro do Mar, onde foi assessor. José Cabral tem os seguintes títulos publicados: Acushnet Avenue, romance (2019); Caminho(s) que Trilharam, romance histórico (2014); Sodade de Nhâ Terra Saninclau I, II, III (2008, 2009, 2012), e Padre Gesualdo Fiorini, Italiano, de São Nicolau, cidadão, biografia, (2007).
O propósito da atribuição deste galardão literário é o da promoção da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear a destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana Arnaldo França.
Nas edições anteriores, o Prémio Literário Arnaldo França distinguiu as obras Beato Sabino, de Olavo Delgado Correia (vencedor 2018), O Sonho de Ícaro, de Onestaldo Gonçalves (menção honrosa 2018), Contos de Cabo Verde, de Benvindo Gomes Semedo (vencedor 2019), e Sul 1, de Jorge Otávio Soares Silva (vencedor 2020).
As candidaturas à 5.ª edição do Prémio Literário Arnaldo França estão a decorrer de 1 de agosto e 30 de setembro de 2022.