Inserida nas comemorações do centenário do nobel da literatura português, José Saramago, é inaugurada a exposição «A Oficina de Saramago», na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), já no próximo dia 6 de junho, segunda-feira, pelas 16h30, onde ficará patente até 8 de outubro.
«A Oficina de Saramago» é uma exposição bibliográfica e documental, que celebra o percurso de escrita de José Saramago (1922-2010). Organizada em três grandes núcleos: «A oficina e a invenção do escritor»; «A obra de Saramago» e «A receção e a consagração», a exposição pretende dar acesso aos bastidores da criação do Nobel da Literatura e que vai mostrar ao visitante testemunhos inéditos.
Esta exposição tem como curadores Carlos Reis e Sara Grünhagen; a pesquisa arquivística coube a Fátima Lopes (BNP), com apoio técnico, desenho expositivo e montagem dos serviços da BNP. O catálogo homónimo da exposição foi publicado pela Imprensa Nacional e estará à venda a partir de dia 6 de junho. O apoio institucional foi da Fundação José Saramago.
A sessão oficial de abertura da exposição contará com as presenças do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Recorde-se que José Saramago é, até hoje, o único escritor de língua portuguesa distinguido pela Academia Sueca.
«Esta exposição e o seu catálogo sintetizam, numa mesma designação, ‘oficina’, diferentes dimensões da vida de um escritor, e da vida do escritor José Saramago, cujo centenário do nascimento temos vindo a comemorar. Isto porque, para quem escreve, tudo é oficina, ou, dito de outro modo, fábrica, escritório, laboratório. Um dos livros que Saramago publicou pouco antes de ter conhecido o sucesso nacional e internacional chamava-se ‘Manual de Pintura e Caligrafia’, livro que é, como o título não indica, um romance. Tanto a pintura como a caligrafia são tentativas de imitação, ou de representação, tentativas que sabemos insuficientes mas indispensáveis, manuais de leitura do mundo em que vivemos. Se hoje há, na cabeça de muitos leitores em muitos países, um ‘universo Saramago’, ele é decerto composto de todas as matérias, de todos os materiais, que deram origem aos seus livros. Esses materiais e matérias são desde logo a biografia e a História, mas também as leituras, as bibliotecas (como esta Biblioteca que Saramago frequentou), a pesquisa, os cadernos, a correspondência, as provas emendadas. Isso não se confunde estritamente com a ideia de espólio, com um legado de objetos, mas documenta aquilo que podemos definir como a materialidade da escrita, que é trabalho, e trabalho aturado, tão intelectual como físico, não etéreo mas concreto, esforçado, entendimento que me atrevo a dizer que não desagradaria ao nosso Nobel. Felicito por isso os comissários da exposição, Carlos Reis e Sara Grünhagen, e os responsáveis das instituições (Biblioteca Nacional, Fundação José Saramago e Imprensa Nacional), que nesta e noutras ocasiões se têm empenhado em dar-nos, das mais distintas maneiras, manuais de leitura de José Saramago.»
Marcelo Rebelo de Sousa, in A Folha de Sala
Saiba mais sobre a exposição «A Oficina de Saramago» na página da Biblioteca Nacional de Portugal, aqui: http://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1705%3Aoficina-saramago&catid=173%3A2022&Itemid=1702&lang=pt