Entre 1875 e 1877 Camilo Castelo Branco deu à estampa os oito títulos de Novelas do Minho: Gracejos Que Matam, O Comendador, O Cego de Landim, A Morgada de Romariz, O Filho Natural, Maria Moisés, O Degredado e A Viúva do Enforcado.
Mais do que um retrato minhoto, Novelas do Minho são a descrição do Portugal contemporâneo de Camilo, num registo realista, satírico e crítico, onde o bucolismo idílico cede o lugar à dura realidade. No dizer de Abel Barros Baptista as Novelas do Minho são:
A melhor arte da novela breve, recapitulação e reafirmação do mundo de Camilo: ou a mais acessível coletânea de comprovantes de que o romanesco camiliano não é propriamente minhoto.
Abel Barros Baptista in contracapa de Novelas do Minho
Maria Moisés, a sexta de oito novelas, é um dos títulos inseridos no volume Novelas do Minho, da coleção «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco», cuja edição é de Ivo Castro e Carlota Pimenta. É também uma das mais conhecidas e emblemáticas novelas de Camilo Castelo Branco. É ainda leitura recomendada, pelo Plano Nacional de Leitura, para o 9.º ano de escolaridade.
Maria Moisés, com traços românticos e realistas, tal como as restantes sete novelas, está imersa no ambiente rural minhoto. A ação de Maria Moisés decorre em Santo Aleixo. Nesta novela, Camilo Castelo Branco conta-nos duas histórias intrínsecamente ligadas. A primeira é a história de um amor proíbido entre Josefa Lage e António Queirós, cujo desfecho é trágico. Josefa da Lage é encontrada morta e a sua filha, bebé recém-nascida, é levada na corrente do rio Tâmega. A segunda parte da novela, e a segunda história, é dedicada a Maria Moisés, a menina que foi levada pelo rio num cesto de vime e salva depois pelo pobre pescador, Francisco Bragadas.
Segundo Ivo Castro, coordenador da «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco», estas As Novelas pertencem a um lote afortunado de cinco obras camilianas de que foram conservados os originais manuscritos, todas elas escritas entre 1873 e 1877 e publicadas em Lisboa pelo editor João Baptista de Matos Moreira.
São elas O Demónio do Ouro (1873), O Regicida (1874), A Caveira da Mártir e a História de Gabriel Malagrida (1875), e desse ano até 1877 as Novelas. Matos Moreira ainda publicou no mesmo período A Filha do Regicida, o segundo volume do Curso de Literatura Portuguesa e a Vida Futura, obras de que não restam manuscritos naquele lote; também faltam os originais de duas novelas: O Comendador e O Degredado. Apesar destas falhas, o conjunto de manuscritos é singular pela sua integridade: escritos quase ao mesmo tempo, foram processados tipograficamente e convertidos em livro na mesma casa editora, tendo depois sido propriedade de um colecionador camilianista, Rodrigo Simões Costa, que possivelmente os comprou em bloco ao editor e, por morte, os legou com a sua biblioteca camiliana à Biblioteca Municipal de Sintra, onde hoje ocupam lugar de honra.
Ivo Castro in «Nota Editorial» de Novelas do Minho
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Boas leituras!