A coleção «Olhares», que a Imprensa Nacional dedica ao género Ensaio, acaba de acolher o título João de Gante — O Avô Inglês da Ínclita Geração, de Mário Bruno Pastor, que procura neste livro dar a conhecer a complexa personalidade de João de Gante, distinguindo a sua estatura ficcional da sua estatura histórica e humana e estabelecendo as ligações que o unem diretamente à História de Portugal.
Logo a partir do título o autor desvenda de quem se fala, de onde era e, por via da descendência, o que representou para os portugueses: João de Gante (1340-1399) foi o avô da prole de D. João I, descrita pelas palavras de Camões da seguinte forma: «Mas para defensão dos Lusitanos / Deixou, quem o levou, quem governasse / E aumentasse a terra mais que dantes: / Ínclita geração, altos Infantes.»
Príncipe da Inglaterra Plantageneta, João de Gante, duque de Lencastre, foi um dos filhos mais novos de Eduardo III e não estava destinado a reinar. Todavia, ousou desafiar o seu lugar social predefinido para perseguir o sonho de ser rei algures no estrangeiro. A sua vida errante vai desde os conflitos internos da insidiosa política londrina até aos vales incendiados da França e da Aquitânia durante a chamada Guerra dos Cem Anos. Cruzou‑se também com a violenta Ibéria do século xıv. Prestou auxílio a D. Fernando de Portugal e ao meio-irmão deste, D. João, mestre de Avis, a quem entregaria a mão da filha, Filipa de Lencastre. Pai de dinastias, avô da expansão marítima portuguesa, João de Gante é também o arquétipo da ambição e da velha cultura de cavalaria. Batizou-se na guerra ao lado do seu temível irmão, o Príncipe Negro, e disputou, em Portugal, o comando do exército com o próprio Nuno Álvares Pereira. Combateu nas linhas da frente contra dois monarcas de Castela, mas conheceu quase sempre o sabor amargo da derrota. A sua biografia é uma viagem imersiva à complexa Europa do século xıv.
João de Gante — O Avô Inglês da Ínclita Geração, de Mário Bruno Pastor, conta com prefácio de Pedro Olavo Simões.
Mário Bruno Pastor nasceu no Porto em 1976. É licenciado em História, variante de Arqueologia, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e pós-graduado na mesma instituição. Concluiu o mestrado em Património e Turismo Cultural, pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no quadro de investigação de doutoramento em Estudos de Património, na Universidade Católica Portuguesa. Recebeu o prémio Bolsa de Estudo por Mérito, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2013). Tem editado vários artigos académicos de investigação, tanto a nível nacional como internacional, a par de diferentes comunicações em congressos e seminários. Simultaneamente, publica também em edições de divulgação, como a revista Jornal de Notícias — História. Colaborou com instituições museológicas, tendo participado no catálogo O Infante e os Novos Mundos (coordenação de Amândio Barros), do Museu da Cidade/Casa do Infante, no Porto, publicação distinguida com o 1.º prémio da Associação Portuguesa de Museologia na categoria de Melhor Catálogo (2016). Redigiu o capítulo de introdução e contextualização para a tradução para português dos Contos de Cantuária, de Geoffrey Chaucer, por Daniel Jonas (2021).
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