No dia 21 de setembro tem uma excelente desculpa para ir à Fundação Calouste Gulbenkian, onde se vai realizar a sessão de apresentação da coleção «Biblioteca José‑Augusto França»! A que horas? – Às 19 horas. Em que lugar da Fundação? No Auditório 3.
José-Augusto França (1922) é um dos mais notáveis intelectuais portugueses e um dos mais destacados historiadores de arte — de renome internacional — dos séculos XX e XXI. É ensaísta, historiador, crítico de arte, editor e autor prolífico.
Nesse dia serão também apresentados os dois volumes inaugurais:
Natureza Morta
Livro de estreia de José-Augusto França, Natureza Morta aborda a escravidão negra, a insatisfação, a rebeldia, a frustração e submissão patente no conformismo das mulheres e nos temerosos criados negros.
Natureza Morta retrata o ambiente colonial de Angola dos anos 40 do século passado através de Júlia, uma jovem professora que, abandonada pelo namorado, aceita casar por procuração e embarca para Angola, com destino a uma plantação da cana-de-açúcar dirigida por seu marido. «A África entrevista e mostrada por José-Augusto França é o lugar de uma descentragem dupla – daí o caráter específico da aventura a que serve de cenário –, a do homem branco em relação a uma pátria convertida em nebulosa recordação e a do mesmo homem em relação ao africano que o cerca e que a sua mera presença humilha e desumaniza, mesmo se ele crê que está no meio dela para o civilizar e redimir.», escreve Eduardo Lourenço no prefácio datado de 1979.
Charles Chaplin, o «Self-Made-Myth»
Um ensaio sobre o fenómeno chapliniano e a sua importância moral e mítica. O burlesco de imaginação poética, a liberdade da personagem para além do tempo físico e da projeção da película são reflexões que José-Augusto França vai tecendo ao longo do livro. Escreve o autor «Da sua infância miserável, Chaplin traz necessariamente um duplo desejo: de se isolar dos que o maltratam e de viver num meio amável. Traz o desejo de amar e de ser feliz, mas traz também a fatalidade de não crer na felicidade. Ao propor o ‘sonho’ a Charlot, Chaplin sabe que é apenas um sonho que propõe, perecível ao despertar.». Publicado originalmente em francês, em 1954, mereceu na altura um acolhimento muito favorável da crítica internacional. Este volume compreende ainda os textos «O último gag de Charles Chaplin», e «Hitchock Há 100 Anos».
A sessão será comandada por Vitor Serrão, Prof. Catedrático FL-UL, Raquel Henriques da Silva, Prof.ª Associada FCSH-UNL, e Cristina Tavares, Prof.ª Associada FBAUL, assim como Guilherme d’Oliveira Martins, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian e Duarte Azinheira, diretor editorial da Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
A entrada é livre.
Conheça o plano de edição da «Biblioteca José-Augusto França»
1. Natureza Morta (1949, 1961, 1982, 2005). Inclui os contos «Três Pequenos Contos de África» (1946), «D. Júlia» (2004) e «O Retornado» (2003), e «Nota geral da Edição», «Biografia cronológica» e «Bibliografia cronológica». (publicado)
2. Charles Chaplin, o «Self-Made-Myth» (1954, 1963, 1989). Inclui «Hitchcock Há 100 Anos» (1999). (publicado)
3. Amadeo de Souza-Cardoso, o «Português à Força» (1957, 1972,1986) e Almada Negreiros, o «Português sem Mestre» (1974, 1986). Inclui «Vieira da Silva» (1958) e «Vieira da Silva para depois» (2009).
4. Lisboa Pombalina e o Iluminismo (1966, 1977, 1983). Inclui «Lisboa Pombalina» e a «Estética do Iluminismo» (1994).
5. A Arte em Portugal no Século XIX (1967, 1981, 1990).
6. A Arte em Portugal no Século XX (1974, 1985, 1991, 2009). Inclui «Considerações sobre a História da Arte do Presente» (2012).
7. O Romantismo em Portugal (1974, 1993, 1999).
8. Rafael Bordalo Pinheiro, o «Português Tal e Qual» (1981, 1982, 2010).
9. Os Anos 20 em Portugal (1992).
10. História da Arte Ocidental, 1750-2000 (1987, 2006) e História da Arte Ocidental, 1780‑1980 — Modo de Emprego (1987).
11. Lisboa, História Física e Moral (2008, 2009).
12. A Bela Angevina (2005) e José e os Outros (2006). Inclui as narrativas «A Morte do Escritor» e a «Morte do Poeta» (2005).
13. Duas Vidas Portuguesas: Ricardo Coração de Leão (2007) e João sem Terra (2008). Inclui o conto inédito «Ricardo Morreu» (2016).
14. A Guerra e a Paz (2009).
15. Azazel (1956) e Diálogo entre o Autor e o Crítico (2015). Inclui «O Pretexto de Azazel» (1951) e «A Casa da Rua da Estrela» (dez contos, 2003).
16. Memórias para o Ano 2000 (2000, 2001). Inclui «Vida a Seguir — Autobiografia» (2008) e o 13.º e último capítulo atualizado, «nonagenariamente», de «Memórias para Após 2000» (2012).