Este livro da coleção Olhares, resulta de uma exposição com o mesmo nome, apresentada em 2019, em Óbidos, durante o Festival Fólio. O resultado do conjunto de imagens e painéis expostos, o número e a qualidade dos visitantes, tal como as apreciações feitas, levaram nessa altura a considerar a hipótese da criação de um livro com o seu conteúdo.
É uma obra especialmente relevante no momento que vivemos, em que vemos a ascensão dos movimentos nacionalistas e extremistas em ascensão por todo o mundo. É a memória de um passado que está, em muitos casos, mais presente do que julgamos.
Trata-se de uma compilação de ensaios que tentam contextualizar a escravatura no seu tempo histórico – questão é que foi ocultada na narrativa histórica. Os vencedores apagaram o sofrimento humano e construíram um discurso oficial de glória da «pátria». Práticas de desumanidade, crueldade e anticristianismo foram ocultadas e dadas como «naturais». É imperativo revelá-las. As pessoas que partiram de território português, guiadas pela coragem e por novas ciências, fazem parte da nossa memória e do nosso orgulho. Mas de tudo isto só conhecíamos um lado. E mal contado… Mais próximas e, em parte, contemporâneas, fala-se das bravuras da «nossa missão civilizadora em África», quando esta foi, de facto, uma ação de conquista e de trabalho forçado. As populações nativas organizaram resistências, rebeliões, revoltas. E, nesta história humana, o racismo tem as suas raízes profundas, objetivas e subjetivas. É, como tudo o resto, uma questão de relações de poder e de exploração. Tem hoje as mesmas razões e alimenta-se de ignorância e de falta de pensamento crítico.
Os textos são organizados por Isabel do Carmo, Ana Calçada e Patrícia Alves.
Esta edição é uma parceria INCM / Ler Devagar e reúne sete ensaios e uma cronologia.
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