Na edição crítica da obra integral de Almeida Garrett, que compreende a sua produção poética, dramática, narrativa, ensaística, política, jornalística e epistolar, entre outros textos, a Imprensa Nacional publica agora Lírica de João Mínimo.
Com edição, introdução e notas de Ricardo Nobre, no âmbito do seu projeto de pós-doutoramento pelo Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, este volume inaugura a secção «Poesia» da obra completa de Garrett.
Lírica de João Mínimo foi publicado pela primeira vez em Londres, em 1829, durante o exílio do autor em Inglaterra. Os poemas, então reunidos e organizados num sentido autobiográfico, tinham origem nos dois tomos de Poesias, cuja edição estivera prevista em 1821, acabando por ser adiada e só publicada em contexto de exílio.
Ao percorrer as diversas conjunturas históricas, vários poemas são marcados pelo ideário liberal e interventivo do jovem Garrett, acompanhando a evolução dos acontecimentos. Assim o explica Ricardo Nobre, na introdução ao volume:
Politicamente empenhado, o sujeito lírico assume-se de modo claro como poeta consciente da sua arte, arrogando mesmo o papel de guia «A um Jovem Poeta» ou fazendo um «Pedido a um Poeta». (p.30)
A poética de Garrett percorre ainda outros temas, como o amor e o sofrimento amoroso, o refúgio na natureza ou a amizade, para mencionar apenas alguns.
Ricardo Nobre observa, neste conjunto:
Do ponto de vista da sociologia da literatura, Lírica de João Mínimo testemunha que, no século xix, a poesia estava presente na celebração da vitória política, na celebração da vida e na comemoração da morte, na expressão lírica sentimental e na homenagem à tradição literária.» (in Introdução, p.31)
A obra lírica deste volume é acompanhada por uma biografia poética e pela história editorial da Lírica de João Mínimo, fundamentais para a compreensão da versão agora dada a ler ao público, baseada na edição de 1853 e suportada pelo devido aparato crítico.
Num convite à leitura, fiquemos as palavras de Paula Morão, que assina o prefácio:
A obra lírica de Almeida Garrett ganha em ser lida organicamente — assim parece ter sido a vontade do autor. (p.23)
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