Mythes é a proposta dos Solistas da Metropolitana para a próxima quinta-feira, 7 de fevereiro, pelas 18h30, na sala da Biblioteca da Imprensa Nacional. A entrada é gratuita.
Joana Dias (violino) e Francisco Sassetti (piano) tocam:
F. Poulenc Sonata para Violino, Op. 119
K. Szymanowski Mythes, Op. 30
A. J. Fernandes Cinco Prelúdios, Op. 1
M. Ravel Sonata para Violino N.º 2
«Ao longo da carreira, o compositor polaco Szymanowski colheu na Mitologia Grega alguns dos seus principais estímulos criativos. É disso exemplo Mythes, uma obra para violino e piano composta em 1915 que evoca figuras emblemáticas desse universo. Estas são sucessivamente retratadas mediante a exploração exaustiva dos recursos oferecidos por cada um dos instrumentos. Primeiro, assiste-se à perseguição da ninfa Aretusa pelo deus do rio, os quais terminam juntos numa fonte em Siracusa. Depois, surge o célebre mito de Narciso, o jovem que se enamora de si mesmo. Por fim, o deus dos bosques Pã, com o som da flauta aqui transfigurado nos harmónicos do violino. Estes poemas musicais foram assim estreados pelo compositor, ao piano, ao lado do violinista virtuoso Paul Kochanski.
Do mesmo modo, cada umas das obras que completam este programa foram estreadas pelos próprios compositores, na condição de pianistas. É o caso dos Cinco Prelúdios de Armando José Fernandes, um dos nomes mais discretos do panorama musical português do século passado. Temos aqui a oportunidade de ouvir a sonoridade cristalina do seu primeiro número de catálogo, por sinal dedicado a seu professor Alexandre Rey Colaço. Também a Sonata para Violino N.º 2 de Maurice Ravel foi composta no final da década de 1920. Esta é uma partitura que reflete a tensão entre diferentes estilos de escrita que coexistiram em França no período entre-guerras. O primeiro e último andamentos discorrem, respetivamente, numa tensão meticulosamente trabalhada entre reminiscências modais e o diatonismo tonal, entre a proeminência rítmica e uma dimensão harmónica discreta. Pelo meio, intromete-se um andamento que surpreende pelas evidentes afinidades com o Blues, numa altura em que o Jazz ainda dava os primeiros passos na Europa. Mas antes de tudo, é interpretada a Sonata para Violino e Piano que Francis Poulenc compôs já em plena Segunda Grande Guerra. Ela recorda, todavia, um episódio ocorrido durante um conflito anterior, a Guerra Civil Espanhola, quando em 1936 o escritor espanhol Federico García Lorca foi executado em Granada. Para lá da irreverência que sempre se espera de Poulenc, explica-se assim o tom elegíaco das passagens melancólicas e dos rasgos dinâmicos mais impetuosos.»