Teresa Aica Bairos é a vencedora, por unanimidade do júri, do Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura 2020, pela tradução que fez para a língua portuguesa de Sartor Resartus – Vida e Opiniões de Herr Teufelsdröckh (1836), do escocês Thomas Carlyle (1795-1881).
O galardão, instituído em 2015 pela Imprensa Nacional, tem uma periodicidade anual e distingue, rotativamente, trabalhos inéditos nas áreas de atuação onde Vasco Graça Moura mais se destacou: Poesia, Ensaio e Tradução. A edição deste ano (6.ª edição) foi dedicada à Tradução de obras de autores em domínio público.
O Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura contou com Pedro Mexia, escritor e crítico, como presidente do júri, do qual fizeram igualmente parte o poeta e editor Jorge Reis-Sá e a professora universitária Joana Matos Frias.
Na fundamentação da escolha do trabalho vencedor, o júri declarou o seguinte: «Apresentando-se como um extenso comentário a um ensaio (inexistente) de um filósofo alemão (imaginário), Sartor Resartus é uma paródia ao idealismo filosófico que cruza, ao jeito do Tristram Shandy de Laurence Sterne, investigações biográficas, citações verdadeiras e inventadas, peripécias e nomenclaturas facetas, o cepticismo inglês e a sofisticação continental, bem como as ideias e as provocações de Carlyle. Deste inglês nascido na Escócia, historiador, filósofo e polemista, só havia edição portuguesa do ensaio Os Heróis. A tradução de Teresa Aica Bairos, escrupulosa e fluente, muito anotada e muito legível, mereceu o voto unânime do júri.»
O trabalho de Teresa Aica Bairos foi selecionado por entre 19 candidaturas.
Na edição deste ano do Prémio IN/Vasco Graça Moura, o júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa a Miguel Mochila pela tradução para a língua portuguesa de Canto Errante, do poeta nicaraguense Rubén Darío (1867-1916), um dos mestres maiores do modernismo em língua espanhola.
A propósito do trabalho apresentado por Miguel Mochila ao concurso o júri ressalvou: «as qualidades de uma tradução que soube adaptar-se aos virtuosismos autorais de Darío, transitando com assinalável destreza entre os sistemas estróficos e versificatórios mais convencionais e os experimentalismos mais vanguardistas, sempre fiel à variedade dos princípios rítmicos e vocabulares dos textos originais: fiel, em suma, ao ímpeto renovador tão característico do inesquecível criador de Azul…»
Teresa Aica Bairos nasceu em Coimbra, em 1975. É tradutora nas instituições europeias em Bruxelas desde 2009. Licenciou-se em Estudos Ingleses e Alemães pela Universidade de Coimbra, tendo estudado também na Alemanha e na Irlanda. Teresa Aica Bairos trabalhou ainda como leitora de português em Itália e como tradutora independente em Lisboa. Em outubro de 2019 defendeu uma tese de doutoramento no Programa em Teoria da Literatura da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa, no âmbito da qual realizou a tradução da obra a concurso, o Sartor Resartus, de Thomas Carlyle.
Miguel Mochila nasceu em Évora, em 1988. É poeta e professor na Universidade de Porto Rico, ao abrigo de um protocolo com o Instituto Camões. Tem desenvolvido também trabalho de investigação no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa, estudando em particular as relações entre as literaturas ibéricas e ibero-americanas. Traduziu, entre outros, autores como Roberto Arlt, Julio Cortázar, Adolfo Bioy Casares, Ernesto Sabato, Samanta Schweblin, Javier Marías, Luis Landero, Nicanor Parra, Ángel González, Claudio Rodríguez ou Joan Margarit.
Além dos 5 mil euros do valor pecuniário do prémio Teresa Aica Bairos, que concorreu com o pseudónimo Diogo Alfaiate, deverá ver, já no próximo ano, a publicação do seu trabalho pela editora pública portuguesa. A tradução de Miguel Mochila também deverá conhecer a publicação já em 2021 na coleção «Plural» da Imprensa Nacional.
De recordar, por fim, que o Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura já distinguiu, na Poesia, José Gardeazabal (vencedor 2015), Alexandre Sarrazola (menção honrosa 2015) e José Luiz Tavares (vencedor 2018); no Ensaio, Frederico Pedreira (vencedor 2016), Joaquim Arena (menção honrosa 2016) e João Paulo Sousa (vencedor 2019); e na tradução João Pedro Ferrão (vencedor 2017) e Ana Filipa Santos (menção honrosa 2017).