3 de dezembro de 1994
O poeta e diplomata, Luis Filipe Castro Mendes recebe o Prémio D. Diniz da Fundação Casa de Mateus, pela sua obra O Jogo de Fazer Versos. Eram membros do júri: Vasco Graça Moura, Pedro Tamen e Fernando Pinto do Amaral.
11 anos antes, em 1983, estreitou-se na Imprensa Nacional com Recados — o seu primeiro livro publicado. Era o 16.º título da «Plural», a histórica coleção da Imprensa Nacional criada na década de 1980 para acolher obras de novos mas já então muito promissores autores, nas áreas de ficção, ensaio, dramaturgia, artes plásticas e, sobretudo, de poesia.
Em Recados, Luís Filipe Castro Mendes problematiza a relação entre o sujeito e a realidade, a palavra e o silêncio, o eu e o outro.
«Não, nenhuma orla de desejo entre as minhas imagens e a tua voz nos podia trazer qualquer palavra de sossego. Remetíamo-nos à comunicação imóvel dos bichos, como se ela fosse inscrição da sede na fruta. Mesmo a orientação das raízes na espessura da treva não nos era mais familiar do que qualquer perdida música. Estávamos sós, entre o coração vazio e a quieta maturação do esquecimento.»
Luís Filipe Castro Mendes,
«Transparências da Manhã 1»,
in Recados,
coleção Plural,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
Lisboa, 1983, p. 17