
Quando se fala em Sophia de Mello Breyner Andresen o que vem à ideia é poesia.
E também A Menina do Mar ou O Cavaleiro da Dinamarca. Mas quem era esta escritora que nas fotografias aparece tão elegante e com um olhar sonhador?
É sobre esta escritora, a primeira portuguesa a receber o Prémio Camões (em 1999), que dá conta o mais recente título da coleção infantojuvenil «Grandes Vidas Portuguesas», uma coleção nascida de uma parceria entre a Imprensa Nacional e a Pato Lógico Edições. Sophia se fosse viva completaria 100 anos no próximo dia 6 de novembro.
O texto é da dupla Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada e as ilustrações são de Sara Feio.
Sophia adorava conhecer outras terras e outras gentes e ao longo da vida teve muitas
oportunidades de viajar. Um dos seus países de eleição era a Grécia, porque conhecia e admirava a cultura clássica. Mas visitou também muitos países da Europa, da América e da Ásia, na companhia do marido, dos filhos ou de amigos, e viajou também como escritora, pois era com frequência convidada a participar em seminários, conferências e festivais literários.
As viagens foram fonte de inspiração para diversos poemas. Por exemplo, quando visitou
Tolon, uma povoação no Sul da Grécia, escreveu um poema que intitulou Tolon.
Tolon
Um mar horizontal corta os espelhos
E um sol de sal cintila sobre a mesa
Habitamos o ar livre rente ao dia
Rente ao fruto rente ao vinho rente às águas
E sob o peso leve da folhagem
Em 1961, Sophia e a família passaram pela primeira vez férias no Algarve. Escolheram a praia de Dona Ana, em Lagos, e adoraram. O Algarve era então um paraíso semideserto
capaz de despertar paixões irremediáveis e foi o que lhe aconteceu. Lagos passou a ser um dos lugares preferidos de Sophia, que celebrou a praia e a cidade em vários poemas.
Lagos I
Na luz de Lagos matinal e aberta
Na praça quadrada tão concisa e grega
Na brancura da cal tão veemente e direta
O meu país se invoca e se projeta