O livro A Voz e o Silêncio (Pessoa e Maeterlinck) é o sétimo título da coleção Pessoana, série Ensaios, e tem autoria de Maria Teresa Fragata.
Este título tem como objetivo analisar a voz e o silêncio na fragmentação da obra de Fernando Pessoa e Maurice Maeterlinck, herdeiros de várias culturas e donos de uma escrita em que as palavras ganham sentido pelas vozes a que dão corpo ou pelo silêncio da sua ausência.
Através da apreciação de algumas das suas obras, Maria Teresa Fragata procura explicar até que ponto estes dois poetas do Modernismo e do Simbolismo viveram a inquietude de um século, refletir sobre os motivos que os levaram a transformar a vida num eterno movimento em direção ao absoluto, na busca de um estado de alma só possível no acontecer da sua poesia ou teatro, e justificar, sempre que possível, a forma infinita que definiu o inacabamento de grande parte dos seus escritos, desenvolvidos de par com a despersonalização e a irredutibilidade que caracteriza o enigma da existência.
Fernando Pessoa e os seus heterónimos serão as vozes (im)possíveis no silêncio de Maeterlinck; duas formas de uma mesma polifonia, colocada em relação com a fragmentação formal das personagens nas obras de cada um dos autores.
Fernando Pessoa, nascido em Lisboa, em 13 de junho de 1888, no seio de uma família da pequena aristocracia, teve uma vida marcada, desde muito cedo, por acontecimentos que modificaram por completo o cenário de uma infância que, à partida, se adivinhava feliz. A morte do pai, tinha ele cinco anos de idade, e do irmão, um ano mais tarde, e o casamento da mãe, dois anos depois, com o cônsul João Rosa, destacado na África do Sul, alteraram a sua vida familiar e também a social, com a sua mudança para Durban. Bom aluno, premiado com o Queen Victoria Memorial Prize pelo seu melhor ensaio, termina os seus estudos em Durban com o Intermediate Examination in Arts e regressa sozinho a Lisboa, em 1905, ficando a viver com a avó Dionísia, doente mental — facto que o marcou significativamente —, e duas tias. Frequentou, por um período breve (1906‑1907), o Curso Superior de Letras e, após uma tentativa falhada para montar uma tipografia, a Empreza Ibis‑Typographica e Editora — Officinas a Vapor, passou a trabalhar como correspondente comercial, atividade de que se ocupou, de par com a sua criação literária, até ao final da vida. Legou‑nos uma obra vastíssima, da qual só publicou em vida, não contando com os artigos que escreveu e alguma poesia solta, 35 Sonnets, Antinous, English Poems I, II, III e a Mensagem.
Maurice Maeterlinck nasceu em Ghent, em 29 de agosto de 1862, no seio de uma família belga, de expressão francesa, abastada, condição que lhe proporcionou uma vida estudantil sem grandes problemas, exceção feita para o seu ingresso no colégio de jesuítas, onde permaneceu até ao ensino superior e cuja educação austera o marcou profundamente. Bom aluno, matriculou‑se na Universidade de Ghent, onde, em 1885, terminou os seus estudos de Direito, licenciatura de que pouco usufruiu, preterindo‑a em prol do seu trabalho como escritor. Grande parte da sua obra foi publicada em vida, facto que lhe valeu, em 1911 e após a edição de L’Oiseau Bleu, o Prémio Nobel da Literatura.
A coleção Pessoana é publicada em colaboração com a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.