A Imprensa Nacional lamenta, com profundo pesar, o desaparecimento do pintor Nikias Skapinakis, que marcou mais de seis décadas da arte portuguesa contemporânea. Nikias Skapinakis morreu esta quarta-feira, dia 26 de agosto, em Lisboa, aos 89 anos.
De origem grega (filho de pai grego e mãe portuguesa) Nikias Skapinakis nasceu em Lisboa, em 1931. Autodidata das artes visuais, chegou a frequentar o curso de Arquitetura na Faculdade de Belas-Artes mas viria a abandoná-lo para se dedicar à sua «vocação, ofício e reflexão»: a pintura, como escreveu a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva.
Nikias Skapinakis começou por expor em 1948, nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, e, desde então, realizou diversas exposições individuais e participou em diversas coletivas, em Portugal e no estrangeiro.
Além da pintura a óleo, Nikias dedicou-se também à litografia, serigrafia e ilustração de livros. Entre outras obras, ilustrou Quando os Lobos Uivam, de Aquilino Ribeiro, e Andamento Holandês, de Vitorino Nemésio da Imprensa Nacional, em 1983.
Executou litografias para o Congresso de Psicanálise de Línguas Românicas (1968) e para o Cinquentenário do Banco Português do Atlântico (1969). Executou serigrafias para Kompass (1973). Foi o autor de um dos painéis do café A Brasileira do Chiado (1971) e participou na execução do painel comemorativo do 10 de junho de 1974.
Em 1963, Nikias Skapinakis obteve a Bolsa Malhoa, da Sociedade Nacional de Belas‑Artes. Em 1976-1977, foi-lhe concedido um subsídio para investigação pela Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1985, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian mostrou uma exposição antológica da sua pintura, completada com uma retrospetiva da obra gráfica e guaches na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Em 1990, foi-lhe atribuído o prémio da crítica AICA – SEC. Em 1993, apresentou no Palácio Galveias (CML) uma antologia de desenhos realizados entre 1985 e 1993.
Em 1996, o Museu do Chiado realizou uma retrospetiva de retratos (1955-1974). Em 2000, o Museu de Arte Moderna da Fundação de Serralves apresentou a exposição antológica «Prospectiva 1966-2000». Em 2005, foi-lhe atribuído o Grande Prémio Amadeo de Souza‑Cardoso e realizou um painel em cerâmica para o Metropolitano de Lisboa. Em 2006, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva apresentou a série de pinturas «Quartos Imaginários» relativa a quartos de dormir e a ateliers de diversos pintores e poetas e foi‑lhe atribuído o Prémio de Arte Casino da Póvoa. Em 2007, foi realizado para a televisão um filme documental sobre o conjunto da sua obra. Em 2009, realizou no Centro Cultural de Cascais a exposição «Desenho a Preto e Branco e a Cores», abrangendo a obra gráfica entre 1958 e 2009. Realizou também a pintura Paisagem – Bandeira Portuguesa, alusiva à Bandeira Nacional e integrada nas Comemorações do Centenário da República.
Em 2012, O Museu Coleção Berardo apresentou a exposição antológica «Presente e Passado», 2012-1950. Em 2013, foi-lhe atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores o Prémio de Artes Visuais.
Em 2014, apresentou na Casa Fernando Pessoa a série de guaches «Lago de Cobre» e a série de desenhos «Estudos de Intenção Transcendente». Ilustrou a revista Colóquio Letras dedicada a Almada Negreiros.
Em 2017, apresentou na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva a série desenvolvida a partir de 2014, «Paisagens Ocultas – Apologia da Pintura Pura». Tem publicado textos de intervenção crítica em diversos jornais e revistas. Vive e trabalha em Lisboa.
Nikias Skapinakis colaborou com a Imprensa Nacional em diversos momentos.
Também em 2017 a Imprensa Nacional publicou A Figuração e a Parafiguração no percurso artístico de Nikias Skapinakis, abordadas por Raquel Henriques da Silva e Delfim Sardo, e contextualizadas através de uma seleção antológica, do arco cronológico de 1950 a 2017, deste destacado nome da pintura contemporânea.
À família e amigos a Imprensa Nacional apresenta as mais sentidas condolências.
* Este artigo teve por suporte a Biografia de Nikias Skapinakis publicada no livro Figuração e a Parafiguração no percurso artístico de Nikias Skapinakis (1950-2017).