no JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias de 3 de fevereiro de 2016
Para quem estuda a questão da literatura autobiográfica, Montaigne é um autor fundamental, porque muito cedo fez do conhecimento e da representação de si o projeto não apenas de um livro, mas de uma vida: «c’est moy que je peins», diz ele na nota preambular aos Essais. A aventura que lhe preencheu os dias durante cerca de 20 anos e que fez dele um dos grandes espíritos da cultura ocidental é, em parte, a da descoberta do próprio eu. E, através dele, da singularidade irredutível de cada ser. Tão instável e diversa, tão difícil de apreender que nunca se esgota no gesto de a explorar. Montaigne usa a imagem da água que foge por entre as mãos para falar da experiência da fixação do eu na escrita. Esta é uma questão que está no cerne de toda a literatura autobiográfica.
Numa longa e interesasnte entrevista ao JL, Clara Rocha conta como uma especialista em literatura portuguesa se entusiasma com um pensador francês do século XVI e se empenha em apresentá-lo sob a forma de um excelente livro de bolso, no 127.º título da já histórica coleção «O Essencial Sobre», publicada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
Clara Rocha,
O Essencial sobre Michel de Montaigne,
coleção «O Essencial Sobre», n.º 127,
Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2015
Entrevista completa aqui:

