A escritora Maria Velho da Costa morreu este sábado, aos 81 anos. Perseguida durante o Estado Novo, após a coautoria, com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, das Novas Cartas Portuguesas, Maria Velho da Costa foi uma figura determinante na Literatura Portuguesa e na defesa dos direitos das mulheres em Portugal.
Licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi professora do ensino secundário e fez parte dos corpos dirigentes da Associção Portuguesa de Escritores. Escritora, produziu ensaio (Português Trabalhador. Doente Mental (1977), contos, peças de teatro e sobretudo romances, onde se destaca com Maina Mendes (1969), Casas Pardas (1977), Lucialima (1983) e Myra (2008). Em 2002, Maria Velho da Costa venceu o Prémio Camões pelo conjunto da sua obra.
Tanto na ficção como no ensaio Maria Velho da Costa revelou-se profundamente inconformista e muito influenciada pelo experimentalismo linguístico francês.
Em junho de 2018 a Imprensa Nacional publicou o título Maria Velho da Costa: Uma Poética de Au(c)toria de Maria José Carneiro Dias, uma reflexão que incita os leitores a descobrirem a vasta obra de Maria Velho da Costa através de novos trilhos de análise.
No dizer de Maria José Carneiro Dias: «A obra ficcional de Maria Velho da Costa emerge de um imbricado e cinestésico entrelaçamento do ouvido, do olhar e da palavra. Atenta à vozearia dos mundos que a envolvem, e apostada em abrir-lhes espaços de enunciação, esta escrita constitui-se num palco do mundo, onde a voz enunciativa se faz legião, em disseminação irrequieta.»
A Imprensa Nacional lamenta, com profundo pesar, o desaparecimento de Maria Velho da Costa. Sentidas condolências à família e amigos.