Fotografia retirada do site do
Centro de Estudos Ferreira de Castro
http://www.ceferreiradecastro.org/
No âmbito do protocolo assinado ontem, quarta-feira, dia 20 de fevereiro, pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda e o Ministério dos Negócios Estrangeiros, na Biblioteca da Rainha, em Lisboa, foi lançado o Prémio Literário Imprensa Nacional/Ferreira de Castro.
O Prémio IN/Ferreria de Castro vai selecionar alternadamente trabalhos inéditos nos domínios da ficção, poesia e ensaio, produzidos por portugueses residentes no estrangeiro e lusodescendentes. A obra premiada será publicada pela Imprensa Nacional e o seu autor será ainda compensado com um prémio no valor de 5000 €.
Um Prémio Literário voltado para a diáspora portuguesa não poderia, pois, receber outro nome.
Órfão de pai, aos 12 anos embarcou sozinho num barco a vapor para o Brasil, tal como faria Miguel Torga também. Na selva amazónica, Ferreira de Castro testemunhou a exploração dos indígenas, dos pobres e dos emigrantes. De regresso a Portugal, em 1919, instala-se em Lisboa, onde foi jornalista, fundando vários jornais e revistas e colaborando com outros tantos.
A memória dos anos passados no Brasil seriam o empurrão necessário para que começasse a escrever, primeiro pequenos textos, sem pretensão literária, depois verdadeiros romances.
Destaque para Os Emigrantes, de 1928, e para A Selva, de 1930 — este último um estrondo editorial que foi, durante décadas, um dos livros mais lidos da literatura portuguesa e, inclusive, adaptado posteriormente ao cinema.
Ferreira de Castro foi, ele próprio, um estrondo na história da Literatura. Considerado o primeiro proletário das letras, António José Saraiva chamou-lhe mesmo «o primeiro escritor português sem gravata» e o primeiro a assinalar o início de uma nova fase do realismo social em Portugal.
Perseverante, corajoso, humilde e profundamente respeitado — como são, por norma, os nosso emigrantes — Ferreira de Castro, que chegou mesmo a ver o seu nome proposto ao Nobel da Literatura, em 1951, pelo dinamarquês Holger Sten, continua a ser um dos autores portugueses com maior divulgação internacional, cuja obra constitui um importante documento social e que merece da parte de todos nós uma releitura atenta.
O Júri do Prémio IN/Ferreira de Castro é composto pelo académico Carlos Reis (que o preside), pela editora-chefe da Imprensa Nacional, Dr.ª Paula Mendes, e pela Professora Fátima Marinho.
A Imprensa Nacional ao instituir o Prémio Literário Ferreira de Castro pretende assim: promover a língua portuguesa mundo fora, prestar às comunidades portuguesas no estrangeiro o justo reconhecimento pelas diversas atividades que desenvolvem nos seus países de acolhimento e, claro, homenagear esta figura enorme das letras e da língua portuguesas — uma língua viva, sem fronteiras, multifacetada, global, falada nos cinco continentes.
Na primeira edição do Prémio, as obras concorrentes devem ser apresentadas entre 1 de abril de 2019 e 30 de maio de 2019.
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