Projeto gráfico de 1972 para a edição comemorativa dos Estudos originais de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, O Cancioneiro Fernandes Tomás (1922) e O Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro (1924).
Lexicógrafa e professora de origem alemã, que em 1911 integrou a comissão destinada a fixar as bases da ortografia oficial portuguesa, Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851‑1925) iniciou-se no estudo de línguas e literaturas românicas quando ainda vivia em Berlim, onde conviveu com os principais vultos da ciência e da cultura da época, como Jakob Grimm, Alexander von Humboldt e Varnhagen von Ense. Radicada no Porto, em 1876, por casamento com o historiador de arte português Joaquim de Vasconcelos, foi docente de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sendo a primeira mulher a ocupar funções docentes numa universidade portuguesa.
A sua larga produção científica, que reúne quase duas centenas de títulos, abrangeu, além de estudos de língua e literatura portuguesas, áreas tão diversas como a Etnografia e a Pedagogia. No domínio do estudo literário, onde porventura mais se destacou, dedicou-se sobretudo ao estudo da poesia medieval e quinhentista, com vasta investigação sobre Sá de Miranda, Gil Vicente e Camões. Publicou também vários artigos na Revista Lusitana e na Revista da Universidade de Coimbra, tendo sido a primeira diretora da Lusitânia: Revista de Estudos Portugueses, entre 1924 e 1927.
O interesse de Carolina Michaëlis pelo Cancioneiro Fernandes Tomás tinha sido suscitado em 1887, quando o bibliófilo Aníbal Fernandes Tomás lhe deu conhecimento da recente aquisição, em Amesterdão, de um Cancioneiro manuscrito no qual constavam diversos inéditos de autores lusitanos, incluindo de Camões. O manuscrito, em torno do qual trabalhou durante duas décadas, deu lugar a uma investigação em três partes: catalogação alfabética de autores e obras, lista dos poemas atribuídos a Camões e um índice geral, além da anotação detalhada. Como estudo complementar, o Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro, permitiu à autora esclarecer cientificamente antigas acusações de plágio contra Diogo Bernardes, contrariando-as definitivamente. Ambos os estudos, originalmente editados pela Imprensa da Universidade de Coimbra, em 1922 e 1924, foram publicados em 1980 pela INCM, em versão fac-similada, num volume composto por dois tomos.
Este projeto gráfico da reedição planeada em 1972 faz parte da coleção de maquetes concebidas pelo pintor Manuel Lapa no âmbito da sua colaboração com a Imprensa Nacional.
Biblioteca da Imprensa Nacional: 5-1/119
Fotografia de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.