“Ao Barão de Telheiras
Ill.mo e Ex.mo Snr. = Acabo de receber o Mapa Geral das 27 Divisões Eleitorais que V. Ex.ª me remeteu por ordem do Ex.mo Secretário d’Estado desta Repartição, imediatamente dei as ordens para que se começasse a imprimir. V. Ex.ª porem diz-me que seja impresso em nº suficiente, mas eu não sei qual é o numero suficiente, e preciso que positivamente se me diga d’essa Secretaria o nº que julgam necessário. Devo igualmente advertir a V. Ex.ª para que o exponha ao Ministro, que achei esta Repartição exausta não só de dinheiro porem de matéria prima principal o papel, sem o qual nada se pode fazer e que para o comprar e pagar muito que ainda se está aqui devendo faze-se de absoluta necessidade que o Governador mande pagar alguma cousa à Conta do que por sua ordem aqui se tem impresso. Pelo resumo da Conta Geral que remeto Verá V. Ex.ª, o desembolso em que está a casa, pelas obras que aqui se tem impresso por ordem do Governo, Camaras etc. e que para todas estas impressões é preciso ter comprado papel, e se tem pago aos compositores e impressores. Declaro pois a V. Ex.ª, e ao Governo não manda ao menos pagar á conta da divida geral alguma quantia que seja suficiente para entreter este Estabelecimento não é possível que continue, por que sem comprar papel e pagar regularmente todas as semanas ao operários fechou-se a oficina. Rogo pois a V. Ex.ª queira rogar da minha parte a S. Ex.ª Ministro, que requisite do Tesouro algum auxilio para esta Casa, por que sem ele num sei se poderemos concluir a obra dos Mapas que acabo de receber. É preciso que o Governo se persuada que esta casa não tem outra renda se não o produto do seu trabalho, e se este não for pago não pode ela existir. Agora passo a outro assunto. Hoje tenho lido no Diário muitas providências, e aposentadorias na Biblioteca publica, sem que até agora se tenha respondido aos meus ofícios sobre objectos idênticos. Por isto vejo que há influencias fora deste Estabelecimento que o quer governar, e uma prova encontro na dificuldade de atender ao que tenho requerido a respeito de homens em quem só posso ter confiança, e por isso tem o odio das administrações passadas. Se o Governo confia no meu caracter, e no conhecimento que tenho desta Casa como Membro da antiga Comissão destinada para examinar o que nela havia, deve atender ao que tenho proposto; e se assim não é fora dela há pessoas que mereçam maior confiança ou tenham mais inteligência para a dirigir, venham elas quanto antes ocupar o meu lugar, por que eu o largo com a mesma indiferença com que o aceitei. Sobre o negócio dos Mapas desejo quanto antes saber a resolução que o Governo toma não só sobre o número dos exemplares que se devem imprimir mas sobre o auxilio pecuniário com que posso contar para realizar algumas compras de papel que se me tem oferecido (…) Administração Geral da Imprensa Nacional em 3 de Outubro de 1836. Ill.mo e Ex.mo Snr. Barão de Telheiras = José Liberato Freire de Carvalho.” (pp. 12 v. – 13 v.)