Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    402
  • Tipo de documento
    Exposição
  • De:
    Administrador Geral
  • Para:
    Ministro do Reino
Transcrição

“(…) A Imprensa Nacional deve a V. Ex.ª a mais eficaz protecção; assim o tem mostrado desde que felizmente se acha encarregado do Ministério do Reino. Os aperfeiçoamentos que hoje aqui se veem são todos devidos à benévola atenção com que V. Ex.ª se dignara honrar o meu feliz irmão, e meu antecessor, aliás zeloso e inteligente Empregado, as que mal poderia conseguir os fins a que propusera, se não tivesse a fortuna de ser dirigido pela superior inteligencia e constante vontade com que V. Ex.ª se interessa pelas coisas da nossa patria. Por estes motivos pois, e porque também me cabe a honra de merecer a confiança de V. Ex.ª, cumpre-se expor-lhe a situação desta casa, e pedir a continuação da sua benevolencia.
Quando fui nomeado para o lugar de Administrador Geral da Imprensa Nacional achei que se deviam aos seus operários cinco ferias, estando igualmente em atraso os outros empregados e fornecedores; porque muito grandes tinham sido as despesas que por autorização de V. Ex.ªse haviam feito com aquisições e melhoramentos que em tempo habilitarão este Estabelecimento a competir com os mais perfeitos desta espécie tentre as nações mais adiantadas. A longa e fatal enfermidade que terminou os dias do meu infeliz irmão, retadrou o próspero resultado que se espera de tais aperfeiçoamentos, e hoje vejo-me em graves embaraços por falta de meios pecuniários para ocorrer ao custeamento desta Casa, e muito mais nas presentes circunstâncias, quando tenho de dar a maior pressa aos trabalhos do orçamento, e contas da gerencia de todos os Ministérios, impressões de enorme despesa em mão de obra, e objectos necessários para as levar ao efeito já por vezes tenho recorrido ao Snr. Ministro da Fazenda para me fazer alguns adiantamentos por conta das impressões do seu Ministério, ao que S. Ex.ª se temprestado benignamente mas por essa protectora concessão ficou captiva uma parte considerável da receita, para amortização das quantias adiantadas. Em presença pois desses motivos não posso deixar de invocar a valiosa protecção de V. Ex.ª para que a titulo de auxilio, ou como paga das requisições do Ministério do Reino, desde 7 de junho deste ano, ultima data em que V Ex.ª mandou socorrer a imprensa Nacional, se digne de ordenar que se lhe dê 1:200.000 réis quantia em que aproximadamente importam as requisições a que por ordem do dito Ministériose tem satisfeito nesta Repartição. – Sei que é costume não serem pagos na Imprensa Nacional os impressos do Minsitério do Reino, mas esse costume vem de tempos em que ela tinham meios superabundantes, dados pelo privilégio das cartas de jogar, e actualmente pela abolição do dito privilégio (sobre o que terei a honra de dirigir a V. Ex.ª uma Representação), e pelos gastos extraordinários não há nem o necessário para as despesas urgentes. É verdade que o futuro da Imprensa Nacional se apresente lisonjeiro, porque os seus melhoramentos hão-de compensar os esforços que se têm feito; mas a necessidade do presente exige um pronto remedio, que é de esperar da judiciosa reflexão de V. Ex.ª, e de suas benevolentas disposições em favor deste Estabelecimento. (…) Lisboa etcª 9 de Dezembro de 1844 = Ill.mo e Ex.mo Snr. António Bernardo da Costa Cabral. = O Administrador Geral Firmo Augusto Pereira Marecos” (pp. 89-91)