Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    s.c.
  • Tipo de documento
    Ofício
  • De:
    Administrador Geral
  • Para:
    Ministério da Fazenda
Transcrição

“(…)

Os melhoramentos que hoje se notam na Imprensa Nacional, que se acha na escola dos grandes e perfeitos estabelecimentos deste género, que se encontram em nações estrangeiras, tão em grande devidos ao zelo e inteligência do meu infeliz irmão, meu antecessor. Para este fim ele fez os maiores esforços; mas conhecendo que sem visitar os países onde a arte tipográfica está em maior grau de perfeição não poderia satisfazer aos seus desejos, foi autorizado pelo Ministério do Reino a contraír com o Banco de Lisboa um empréstimo de 8.000.000 para ir a Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha comprar objectos tipográficos, cuja utilidade fosse por ele praticamente reconhecida. Dificil mas hourora foi esta comissão, que ele efectivamente desempenhou com aprovação do Governo de S. Magestade, e com a de todas as pessoas inteligentes que tem visto o resultado dos melhoramentos e inovações que ele introduziu na Imprensa Nacional, porque além de uma magnifica máquina de vapor que faz mover dois prelos de grande dimensão, e uma máquina de moer tinta, trouxe muitos jogos de matrizes de tipos e vinhetas de melhor gosto bem como diferentes objectos inteiramente desconhecidos no nosso país, e que fazem realçar a arte tipográfica.
O pagamento do empréstimo dos 8:000.000 rs ficam a cargo da Imprensa Nacional, e felizmente já está pago ao Banco de Lisboa, mas o Ministério da Fazenda habilitou o meu irmão a pagar a primeira prestação daquela soma, com a aobrigação de ser o Tesouro Público indemnizado pela Imprensa Nacional com parte da importância das impressões que se fazem aqui mensalmente para o dito Ministério; e já no tempo da minha administração eu fui habiliado para pagar os restantes 4.000.000 réis e seus juros, indemnizando semelhantemente o Tesouro Público. Ora esta prática, constantemente seguida, tem feito com que, sendo o alcance o da Imprensa Nacional para [?] com o Ministério da Fazenda e Banco de Lisboa, em o 1º de Outubro de 1844, época em que começou a minha administração, de rs. 9:836.572, se ache hoje reduzido a menos de metade desta quantia, em divida ao Ministério da Fazenda. Mas como pelas contas da Imprensa Nacional, remetidas à Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda e ao Tribunal do Tesouro Público, nos meses de Abril e Maio ultimos, na importancia de rs. 2:989.072, só recebem o Cofre desta Casa 500.000 réis, venho rogar a V. Ex. que se digne de ordenar que confirme no Ministério da Fazenda, a prática de pagamento à Imprensa Nacional de duas terças partes da importância das suas contas, ficando o resto para amortização da divida; e neste caso que se pague à mesma Imprensa a diferença das contas dos ditos meses de Abril e Maio – Port esta ocasião permita-me V. Ex. que eu respeitosamente chame a sua atenção sore as circunstâncias desta Casa, notando que conquanto a Imprensa Nacional seja um estabelecimento do Estado, não figura na despesa do Orçamento público, subsiste do seu trabalho, e quando este se lhe não pague é impossível conservá-la. Demais esta Casa sustenta cento e tantos empregados, e suas respectivas famílias, sem o mais leve onus do Tesouro Nacional, e é o único estabelecimento que existe em Portugal onde se pratica a arte tipográfica com perfeição ascendente. Estas considerações moverão por certo o ilustrado patriotismo de V. Ex.ª para tomar a Imprensa Nacional debaixo de sua distinta e valiosa protecção.
(…) em 25 de Junho de 1846.

Ill.mo e Ex.mo Snr. Duque de Palmela
Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda.

O Administrador Geral
F. A. P. M.

(pp. 1 e 2 de documento 118)