“(…) O trabalho de impressão do Orçamento, a que activamente se está procedendo na Imprensa Nacional, em consequência das mais terminantes ordens dos Ex.mos Ministros do Reino e Fazenda tem obrigado esta Casa a grande excesso de despesa, e por isso me vejo na maior digficuldade de haver recrusos para a satisfazer. Já recorri aqueles Ex.mos Ministros para me auxiliarem e fui benignamente atendido; mas sendo ainda insuficientes os meios que eles me tem ministrado, venho rogar a V. E. que se digne de ordenar o pagamento da quantia que deve o Ministério da Marinha à Imprensa Nacional, de rs. 958.448, importância de impressos aqui feitos até o mês de Setembro último, e de que se tem remetido as competentes contas, havendo já outras do tempo que decorreu desde aquela epoca até hoje. E para com mais brevidade realizar a cobrança da dita quantia, rogo também a V. E. que tenho a bondade de mandar fazer uma requisição ao Tesouro com esta aplicação, como se tem praticado por várias vezes, ficando eu assim autorizado para instantemente pedir ao Ex.mo Min. Da Fazenda que a mande satisfazer. Esta Casa, Senhore, com quanto seja um Estabelecimento Público, não leva a mais pequena verba no orçamento de Estado, subsiste unicamente do produto do seu trabalho, e quando este se lhe não pague não pode ela existir.
Espero que V. E., avaliando devidamente como contuma o que deixo dito há-de deferir à minha rogativa.
(…) 11 de Dezembro 1848.
Ill.mo e Ex.mo Sr. Min e Secr. De Estado dos Negócios da Mar. e Ultramar
O Administrador Geral
F.A.P.M.”
(documento 271)
Observações: Já por duas vezes nesse ano (tendo em conta o que entramos neste livro de registos) se tinham emitido ofícios ao mesmo Ministério (16 de Fevereiro e 14 de Agosto), relativos à mesma situação – impossibilidade de dar resposta aos pedidos feitos, tendo em conta a elevada dívida do Ministério da Marinha ao estabelecimento e o estado de “miséria” a que este se encontrava reduzido, fruto a paralização da actividade tipográfica no decorrer da guerra civil, e que redundara na falta de crédito para conseguir dos fornecedores os materiais necessários. Cf. Idem, documentos 228 (16.02.1848) e 254 (14.08.1848)