“(…)
Eu avalio devidamente as dificuldades que cercam o governo de S. Majestade pela falta de meios para ocorrer às despesas publicas; entretanto julgo que este conhecimento não me deve dispensar de representar a V. E. as circuntâncias da Imprensa Nacional. Em sucessivas representações por mim dirigidas dos E.mos Ministros do Reino tenho feito ver quanto é lastimosodesde o começo da última guerra civil, o estado da Imprensa Nacional e estas minhas incessantes e ponderosas reclamações tiveram o resultado que era de esperar de chefes ilustrados e zelosos pelo bem estar de uma Repartição dependente do seu Ministério. Na administração do E.mo Sr. Visconde de Oliveira recebeu esta Casa por conta de que lhe deve o Ministério do Reino a quantia de 800.000 rs-; e no tempo do seu sucessor, a E.mo Sr. Proença, receberam-se igualmente 500.000 rs. Logo que V. E. entrou para o Ministério procurei a honra de lhe expor as circunstâncias desta Casa, a atendendo-me V. E. com a [?] que lhe é própria, dignou-se de me dizer que julgava de toda a consideração que eu lhe expunha, e encarregou-me assim de representar por escrito, para que sendo levada a Conselho de Ministros a minha representação se desse à Imprensa Nacional o auxilio pecuniário que fosse compatível. Representei efectivamente como V. E. me mandou, e dirigi a representação pela Secretaria do Reino, em data de 9 de Setembro; mas infelizmente nenhum resultado obtive por ora.
Entretanto as circuntâncias têm-se agravado. Muito artistas desta Casa se despediram para irem mendigar algum trabalho, ainda alheio às suas artes e ofícios, que lhes possa dar recurso para sustentar a vida. Algumas oficinas estão fechadas por falta dos materiais necessários. Aos poucos operários que trabalham devem-se quatro férias. Todos estes males tendem a acabar com este Estabelecimento, se V. E. não olhar para ele – venho pois solicitar despacho do que representei a V. E. em 9 de Setembro, desgraçadamente corroborado com os lamentaveis factos que deixo apontados.
(…) em 26 de Outubro de 1847.
Ill.mo e E.mo Sr. Ministro e Secr. De Estado dos Negócios do Reino.
O Administrador Geral
F.A.P.M.”
(documento 205)