“No requerimento de 5 do corrente, em que o revisor Artur Alexandre Caldas dizia que por opinião de V. Ex.ª se considerava suspenso, lancei no dia 7 o seguinte despacho:

“Na Imprensa não consta que S. Ex.ª o Snr. Director Geral de Instrução Secundária haja aconselhado o revisor Caldas a suspender-se, nem esta doutrina pode jamais ter fóros de legalidade. O Sr. Director das oficinas deverá, por isso, intimar o requerente a comparecer à sua presença, advertindo-o pelo seu estranho procedimento e determinando-lho que se apresente ao serviço sob pena de as suas faltas serem consideradas não justificadas e importarem o abandono do lugar.”

O revisor Caldas, comparecendo ontem, 9, à presença do Director das Oficinas, tomou conhecimento do despacho nos seguintes termos.

– “Tive conhecimento deste despacho em 9 de agosto 1911. A. Alexandre Caldas”

Hoje, 10, o revisor Caldas devia comparecer ao serviço, mas mais uma vez faltou, enviando há pouco ao chefe da revisão uma carta que diz:

– “Tomei ontem conhecimento de um despacho mandando-me apresentar ao serviço. Não o fiz hoje, por ter de concluir trabalhos importantes que estão a meu cargo e que justificam a minha falta, visto tratar-se de um serviço público” –

Como o revisor Caldas pediu um inquérito aos seus actos, e os seus actos falam bem eloquentemente, – rogo a V. E.ª se digne, para melhor julgamento atender a mais estes factos-

Saúde e Fraternidade

Lisboa, 10 de agosto de 1911

Ex.mo Snr. Director Geral de Instrução Secundária Superior e Especial

O Administrador Geral

Luís Derouet”
(pp. 36-37)