Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    056
  • Tipo de documento
    Exposição
  • De:
    Administrador Geral
  • Para:
    Ministro do Reino
Transcrição

“Ao Ministro do Reino

Ill.mo e Ex.mo Snr. = Em Portaria de 25 do mês de Abril proximo passado se manda informar se na Imprensa Nacional existem alguns caracteres de línguas orientais, principalmente Arabes, que possam ser fornecidos para o serviço da Academia Real das Ciências de Lisboa. Sobre este objecto tneho a honra de informar a V. Ex.ªque com efeito nesta oficina existem caracteres Gregos, e Arabes, bem que destes ultimos em mui pequena quantidade porque ainda não temos matrizes próprias para os fundir. É porém para mim grande admiração o ver que a Academia pareça pretender que lhe sejam fornecidos para seu serviço particular. A Academia Real das Ciencias da qual eu tenho a honra de ser socio deve lembrar-se que todas as vezes que ela se tem querido servir de alguns desses caracteres, como ainda não há muito aconteceu com alguns da lingua Grega, sempre tem achado esta oficina prontissima para temporariamente lhos fornecer, permitindo que os seus compositores vnham nela compor as obras que necessitam; e tem achado mais da minha parte muita cortesia, porque sendo ela devedora há muito tempo a esta oficina, eu atendendo aos seus poucos meios, ainda até agora nada lhe exigi. A minha opinião é pois, que uma vez que existe este grande Estabelecimento, e que o Governo de Sua Magestade o queira conservar, e dar-lhe todo o aperfeiçoamento possível, como creio ele deseja, então não se deve ele ir mutilando aos pedaços; porque se uma parte for a Academia das Belas Artes, outra parte a Academia Real das Ciencias, viram logo, após estas, outras pertenções, e o Estabelecimento não será nada. É então melhor é acabá-lo [sic.] do que torná-lo defectivo e insignificante. Uma vez que se quer que ele exista deve ter, quanto possa ser tudo quanto forma e faz a riqueza dos Estabelecimentos desta natureza. Concluo que as portas desta oficinas estão abertas não só para a Academia, maspara qualquer outra sociedade que queira mandar aqui os seus compositores para se servirem desses caracteres; mas ao mesmo tempo julgo de justiça, que tais caracteres devem continuar sempre a ser propriedade da Imprensa Nacional. O mutilá-la, e acabá-la; e essa creio eu não são as generosas intenções do Governo de S. Magestade. E quanto posso, e devo informar a V. Ex.ª. Administração Geral da Imprensa Nacional, 1º de Maio de 1837. Ill.mo e Ex.mo Snr. Manuel da Silva Passos, Secretário de Estado dos Negócios do Reino. = José Liberato Freire de Carvalho.” (pp. 1-2)