Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    498
  • Tipo de documento
    Representação
  • De:
    Diretor-Geral, Domingos Monteiro de Albuquerque e Amaral
  • Para:
    Príncipe Regente D. João
Transcrição

[Cópia da representação, precedida de Aviso Régio:]

«O Príncipe Regente nosso senhor é servido que propondo V. M.ce na Junta da Impressão Régia e considerando-se nela os pontos de que trata a sua representação em data de 15 do corrente sobre o que ainda se julga necessário fazer para o regulamento e economia da mesma Impressão Régia V. M.ce faça depois subir a real presença o resultado da deliberação que se tomar a fim que o mesmo senhor resolva como for justo e conveniente ao seu real serviço […] Paço de Queluz em 22 de abril de 1803. — D. Rodrigo de Sousa Coutinho = P.S. aprova S.A.R. inteiramente tudo o que vem proposto nesta representação […]»
«Cópia. = Ill.mo e Ex.mo Senhor tendo S.A.R. mandado expedir sabias e providentes ordens para o mais acertado governo da Régia Impressão, oferecem-se alguns objetos de economia, em que as brilhantíssimas luzes de S. Ex.ª podem servir do mais luminoso facho para o acerto da execução.»
«Primeiramente deve-se evitar que se demorem grandes somas no giro da Administração abrindo-se o cofre uma vez por semana nos termos do § 6.º do Alvará de 24 de dezembro de 1768. Deve-se porém para o giro quotidiano permanecer alguma parcela em pequeno cofre de miúdos, que pode estar em poder do primeiro-oficial da contadoria Francisco de Paula Ferreira, que faz todas as folhas, e escrituração diária, e que eu considero honrado, e vejo ser muito exato e inteligente. Dirigindo-se porém sempre o Fiel da Fábrica das Cartas, e o da Impressão ao Tesoureiro para as suas entregas, não podendo parar dinheiro algum em outras mãos, no que deve muito vigiar o Diretor-Geral, ou quem servir no seu impedimento. Em segundo lugar como o Administrador Subalterno Manuel José da Guerra é acometido de alguns insultos de demência senil, e seu filho só acomodado ao mero mecanismo da Impressão seria conveniente que os Diretores interinos regentes ou Administradores da Impressão deputassem para corretor das Imprensas um compositor hábil para ter a seu cargo o vigiar na limpeza, e estado das mesmas, assim como da letra, da tinta, da guarda e empapelado daquela, da água, e passagem do papel, do modo de dar a tinta com igualdade, e de toda a perfeição, e até do alçado: ficando responsável pelas imperfeições, e obrigado a dar parte ao Diretor-Geral de qualquer desacato, ou insubordinação, ou ainda capricho de imperfeição que notar; e para este emprego me parece muito próprio Joaquim Maria Compositor, que veio do Arco do Cego […] e se tem mostrado inteligente.»
«Em terceiro lugar como seja grande e sucessivo o tráfego da Impressão, e se espera muito maior dignando-se S.A.R. facultar a impressão dos papéis volantes, e que são de uso diário para suprir o trabalho das escrituras, assim como a censura dos outros papéis de recreio erudito, periódicos ou folhas literárias, convinha que um Diretor tivesse a seu cargo receber todos, e quaisquer originais desta natureza, ou ainda licenciados pelas autoridades ordinárias, lançando-se em um livro pela ordem cronológica por que foram entregues, para daí saírem pela mesma ordem para a Impressão, pondo-se cotas de saída no mesmo livro, o que tudo serviria de segurança para os donos ou autores, e de descarga para o Diretor; lançando-os logo no livro, vigiando o Diretor-Geral que se não recebam sem serem lançados. Para este trabalho parece muito próprio o Diretor João Guilherme Christianno Muller.»
«Em quarto lugar convém que o antigo Fiel do Armazém da Fábrica das Cartas o fique sendo dos armazéns de todo o papel entregando-se-lhe por inventario, e tendo as partidas marcadas em quantias, e qualidades, e a sua entrada e saída escriturada em forma mercantil, não se pagando sem bilhete o recebimento, e de que fica lançado, nem despendendo para a Impressão sem bilhete dos refentes ou administradores, e para a Fábrica das Cartas sem bilhete do Mestre.»
«Em quinto lugar deveria tomar conta de todos os metais, chapas, limas, e quaisquer instrumentos pertencentes aos ministérios de puncionar, justificar e gravar, e do que fosse necessário para a fundição, justificação, e de todas as matrizes, e letras, o fundidor e justificador Portugal; recebendo por inventario e praticando em termos acomodados o mesmo que fica dito do papel, não recebendo sem lançar, e não despendendo sem bilhete.»
«Em sexto lugar, como se tem recebido madeiras de preço do Régio Arsenal se dessem inventariar, e entregar por conta, e qualidades ao mestre carpinteiro da casa Manuel José que deve praticar as mesmas cautelas, ficando responsável pela despesa ou saída, para que desse tão bem receber em forma escriturada, e dar saída por ordens escritas.»
«Seria finalmente útil criar um apontador geral para vigiar os trabalhos, e um contramestre para a Fábrica das Cartas, mas não vejo por ora sujeitos capazes que possa designar para esses empregos. V. Ex.ª dará vénia a estas reflexões, honrando-me com a emenda das suas muito superiores luzes. Lisboa 15 de abril de 1803. = O Senhor Diretor-Geral Domingos Monteiro de Albuquerque e Amaral.»