“Para o Ministro do Reino

(…) A maior parte das Cartas de Jogar, que se faziam na Fábrica da Imprensa Nacional até há poucos anos eram de papel colado com massa um no outro até ficar em grossura suficiente. As cartas feitas assim dão mais trabalho e são de menos valor; porque se abrem e disfolham pelos cantos com muita facilidade; e este inconveniente tem feito cair geralmente em desuso semelhante processo, adoptando-se o cartão em vez do papel colado. Daqui resulta, que todos os utensilios, que serviam para aquele primeiro método ficam inúteis. Há na Fábrica da Imprensa alguns destes utensilios, e entre eles umas cinco pequenas prensas, duas maiores, e um caldeirão com o seu respectivo aparelho, que servia para fazer a mass a banho-maria – Estes objectos têm algum valor, lembrava-me eu de os vender para aplicar o seu produto a uma machina hidraulica de pressão, que é indispensável neste Estabelecimento, para apertar os papeis impressos, tirar-lhe a cravação e acetiná-los, e ainda para outros diferentes usos. Uma das maiores supramencionadas prensas servia para ste fim, mas a sua construção é tão rude, exige a aplicação de tantas forças, e o seu efeito é tão incompleto, que me parece impróprio deste Estabelecimento continuar a servir-se dela, quando em iguais Estabelecimentos particulares se emprega o Machinhismo Hidraulico, a todos os respeitos incomparavelmente melhor. Não me delibero porém a levar a efeito a minha lembrança de vender tais objectos sem previa aprovação de V. Ex.ª, devendo ser a venda, quando V. Ex.ª a aprove, em concorrencia publica chamada por anuncios no Diário do Governo, com um prazo suficiente para obter concorrentes. Sirva-se V. Ex.ª dar-me a este respeito as suas ordens (…) Lisboa etc.ª 5 de Setembro de 1842. Ill.mo Snr. António Bernardo da Costa Cabral. O Administrador Geral = J.F. P. Marecos.” (pp. 70-70v.)