Detalhes de documento

  • Arquivo
    Arquivo do Instituto Camões
  • Cota
    PT/MNE/CICL/IC-1/00775/18
  • Tipo de documento
    Ofício
  • De:
    Secretaria da Administração da Imprensa Nacional
  • Para:
    Secretário do Instituto para a Alta Cultura
Transcrição

«Incluso tenho a honra de remeter a V. Exa. O Relatório da Missão de Estudo sobre Fundição de Tipos, de que é autor Manuel Lopes Canhão, Chefe da Oficina de Fundição de Tipos desta Imprensa, e transcreve-se a informação do Excelentíssimo Administrador da Imprensa Nacional sobre o mesmo relatório, bem como o despacho de Sua Excelência o Ministro do Interior.

INFORMAÇÃO:

«À consideração de Sua Excelência o Ministro:
Tenho a honra de apresentar à alta apreciação de Vossa Excelência o relatório do Chefe da Oficina de Fundição de Tipos desta Imprensa, Senhor Manuel Lopes Canhão, relativo à missão de estudo que o levou, no final do ano passado, a visitar demoradamente a Holanda e Bélgica e a passar rapidamente por França (Paris) e por Itália (Milão).
Trata-se de documento que, além de se ler com muito agrado, pela clareza e elegância da sua linguagem, constitui, segundo creio, contribuição extremamente útil para a resolução do problema que vem preocupando esta Administração: o reequipamento da Oficina de Fundição de Tipo, em ordem a poder satisfazer as necessidades da Imprensa e da indústria tipográfica nacional.
Diversos assuntos são apontados no relatório.
1) Um deles é o da composição manual perante o crescente desenvolvimento da composição mecânica.
Em todos os estabelecimentos que visitou teve o chefe da Oficina de Fundição de Tipos ocasião de verificar que as duas composições caminham lado a lado, como actividades que reciprocamente se completam. Quer dizer: o desenvolvimento da composição mecânica não estiolou a composição manual, que continua a ter o seu âmbito próprio. A composição de tabelas e de trabalhos de arte só manualmente podem realizar-se. E a este respectivo é curioso verificar que a Imprensa Nacional de Haia, tendo um desenvolvido serviço de composição mecânica, pois dispõe de 5 máquinas ‘Monotype’ e de 25 ‘Linotype’ (a nossa Imprensa tem apenas 12 – duas ‘Intertype’ e dez ‘Linotype’), conta nos seus quadros 150 compositores manuais (na nossa Imprensa dispomos de 90 compositores, tanto para a composição manual como para a composição mecânica).
2) Outro assunto versado no relatório é o das estereotipias.
Deixou a melhor impressão ao Chefe da Oficina de Fundição de Tipos o que a este respeito observou, tanto na Imprensa Nacional de Haia, como na Imprensa do Monitor Belga.
E a matéria tem para nós especial actualidade, dada a circunstância de, presentemente, deixarem muito a desejar as nossas estereotipias pelas complicadas operações de alceamento que depois provocam na impressão.
Aguardemos o que, sobre o caso, vier a ser proposto pelo Chefe da Oficina de Fundição de Tipos do Plano de soluções técnicas que vai apresentar, como resultado das suas diversas missões ao estrangeiro.
3) Outro ponto tocado e também de extrema importância é o do funcionamento das máquinas de fundir ‘Monotype – Supra’ e ‘Elrod’.
Na Holanda (Amesterdão) e na Bélgica (Holanda) verificou o Chefe da Oficina de Fundição de Tipos o funcionamento da máquina ‘Monotype – Supra’ e, pelo que observou, quanto às possibilidades de produção da mesma máquina, chegou à conclusão de que já toda a necessidade de se equipar devidamente a ‘Monotype – Supra’ que se adquiriu recentemente para a nossa Imprensa.
Em Amesterdão foi na casa representante de ‘The Monotype Corporation, Limited’, que assistiu a tal funcionamento; em Bruxelas foi na ‘Fundição Unitype’ que fez as suas observações.
Quando à máquina ‘Elrod’ – a Imprensa Nacional está em diligências para a aquisição duma – foi na ‘Fundição Plantin’ que assistiu a demonstrações.
Ambas as máquinas – ‘Monotype – Supra’ e ‘Elrod’ – se destinam à produção de material branco para tipografia (filetes, entrelinhas, lingotes e quadrilongos). Simplesmente, são diferentes os processos de fabrico de uma e de outra. E sucede que, relativamente à primeira, a produção de material, cuja fusão depende de jactos sucessivos de liga, não satisfaz a indústria privada, devido à pouca consistência do mesmo material. O material produzido pela ‘Monotype – Supra’, quando a cada peça não corresponde um só jacto, deve ser logo refundido após a impressão do respectivo trabalho. Com a ‘Elrod’ assim não sucede, pelo que, em boa verdade, as duas máquinas se completam.
4) Outros assuntos são ainda abordados, como se vê da leitura do relatório. Desejo, porém, pedir a atenção de Vossa Excelência para as considerações que nele se produzem sobre a grande ‘Fundição Tettrod’, de Amesterdão, e a célebre ‘Casa Enschedé’, de Haarlem.
Digna de registo é também a actividade do Instituto Gráfico Técnico, de Haia, destinado a pesquisar as qualidades dos materiais que se aplicam nas indústrias gráficas.
Em resumo: o relatório que tenho a honra de submeter à alta apreciação de Vossa Excelência merece ser lido e meditado.
Em 21 de Setembro de 1956.

a) Higino Borges de Meneses.»

«Tomei conhecimento com apreço do relatório e da informação que mereceu do Senhor Administrador e a que dou a minha concordância. É de esperar que, atentos os conhecimentos obtidos, a Oficina de Fundição de Tipos, ente em posse de pleno ressurgimento.
22.09.1956.
a) T. Negreiros.»

A bem da Nação,
O Chefe da Secretaria,
Álvaro de Mendonça.»