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«Cumprindo o determinado por s. Ex.ª o Ministro do Interior tenho a honra de informar:
a) – Esta Administração, cujo espírito nacionalista não pode ser posto em dúvida, não esperou que a União Nacional lhe enviasse os ‘placards’, antes sim e apenas lhe foi autorizado superiormente, solicitou da referida entidade, em 19 de abril findo, o envio de dez exemplares. (Ofício n.º 425, da mesma data).
b) – No dia imediato, isto é, em 20, foram todos mandados colocar em diferentes locais, ficando alguns junto aos «placards» aqui afixados há anos e que se intitulam “Decálogo do Estado Novo”, cujo papel apenas está escurecido pelo tempo.
c) – Passados dias recebeu o Sr. Inspetor das Oficinas de comunicação do chefe da Oficina de impressão de que o ‘placard’ colocado na parede exterior da sua oficina se encontrava rasgado e que por esse motivo o mandara retirar.
d) – Imediatamente o Sr. Inspetor ouviu além deste chefe, diversos empregados, e procedeu às investigações que reputou necessárias para conseguir apurar se este caso tinha sido apenas casual, decorrendo estas investigações dentro de um sigilo absolutamente necessário. O local onde este ‘placard’ estava colocado é passagem de pessoal, pessoas estranhas ao serviço, e por onde são transportados materiais, peças de máquinas, etc.
e) – Em 4 do corrente recebi a comunicação do Sr. Inspetor, que junto por cópia (Documento n.º 1). Nele lancei o seguinte despacho:
“Ainda que seja de admitir que a inutilização do ‘placard’ tivesse sido casual, as investigações devem prosseguir para se procurar esclarecer completamente este caso.
Quanto à parte final, deverá oficiar-se à União Nacional, sugerindo a ideia da reprodução do ‘placard’ não só para afixar em todas as oficinas, como para substituir algum que se possa enxovalhar, devendo contudo aguardar-se alguns dias para se saber se as obras no edifício, mandadas executar pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais vão começar, pois sendo assim não poderão ser afixados agora mais ‘placards’ visto as reparações abrangerem o interior do estabelecimento.”
f) – Em 18 do corrente recebeu esta Administração, com ordem de S. Ex.ª o Ministro do Interior para informar, um ofício da União Nacional que acompanhava uma carta do impressor desta Imprensa Carlos Rodrigues das Neves.
g) – Ouvi esse empregado e bem assim os que ele indicou como tendo conhecimento dos factos que apontava. As suas declarações vão por cópia, e sobre elas não julgo necessário fazer quaisquer apreciações.
Nada mais pode esta Administração informar sobre os factos apontados, declarando, porém, que dentro deste Estabelecimento nunca se passou qualquer facto que pudesse ser considerado como contrário à política do Estado Novo, tendo até o pessoal em diversas ocasiões manifestado uma completa disciplina nesse sentido, podendo apontar entre outros casos a sua colaboração nos exercícios da DCT subordinados à Legião Portuguesa, e que lhe mereceram louvores de S. Ex.ª o Ministro do Interior, Comando Geral da Legião Portuguesa e do Comando Distrital de Lisboa Batalhão Auto n.º 5, da mesma Legião.»