Homenagem ao mestre Joaquim David Gomes.

  • Referência
    «Bodas de Ouro… o pessoal da Imprensa Nacional presta homenagem justíssima ao mestre da Escola Tipográfica, que completou cinquenta anos de bom e efectivo serviço», O Mundo, n.º 5532, de 5 de dezembro de 1915, p. 1.
Assunto

Homenagem do pessoal da Imprensa Nacional ao mestre da Escola Tipográfica, Joaquim David Gomes, pelos 50 anos do serviço.

Ficha

«A Imprensa Nacional é o único estabelecimento gráfico do país que possui uma escola profissional digna deste nome, e que, proporcionando os conhecimentos técnicos indispensáveis aos aprendizes, futuros artistas daquele estabelecimento, representa igualmente um grande ponto de estímulo no meio gráfico português. Instalada há algumas dezenas de anos, aí por 1868, e dirigida de começo pelo velho Freitas, que ainda hoje evoca na Imprensa um nome respeitado, a Escola Tipográfica tem sido, pode bem afirmar-se, a escola preparatória onde se têm iniciado e desenvolvido os melhores tipógrafos daquela casa. À frente dela, dirigindo-a superiormente debaixo de um alto critério moral, que é seguramente um orgulho da Imprensa, encontra-se ao presente o Sr. Joaquim David Gomes, velho empregado do estabelecimento, dedicadíssimo, honestíssimo, de uma conduta profissional e moral que não admite confronto, e que completa hoje exatamente em 5 de dezembro de 1865. A obra organizadora de Joaquim Gomes, a sua austeridade de caráter, o seu modo especial simplicíssimo e firme, a sua inigualável energia de trabalhador, acompanhando uma maneira disciplinadora e simpática de direção, têm feito daquele funcionário o ídolo da imprensa, apresentado como um exemplo constante e impoluto de honestidade e de grandeza moral. Os tipógrafos da Imprensa Nacional são na sua grande maioria educados profissionalmente na escola de Joaquim Gomes; deste belo trabalhador têm herdado em grande parte qualidades apreciáveis de método e organização, e pode bem dizer-se que nas duas grandes salas de composição se respira de contínuo a obra, a maneira especial, o feitio austero e dócil — a um tempo — a simplicidade de Joaquim Gomes. Os cinquenta anos de serviço prestados pelo velho mestre da Escola Tipográfica não podiam passar em silêncio. Habituados a saudá-lo no seu aniversário, os artistas daquela casa, de todas as oficinas e secções, os funcionários de todas as categorias, os amigos, os colegas, os discípulos, os superiores — apressaram-se a testemunhar ontem ao respeitável trabalhador da Imprensa Nacional o seu grande e sinceríssimo preito de admiração. […]»