Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    Docs. Do Gab. do Adm. Bebiano (1929-1955), cx. 1
  • Tipo de documento
    Exposição (cópia)
  • De:
    Subchefe da Oficina de Fundição de Tipos, Manuel Canhão
  • Para:
    Ministro do Interior [Joaquim Trigo de Negreiros]
Transcrição

«Para se conseguir o que há em vista julho acertado dar-se ao Conselho Técnico da Imprensa Nacional a orgânica e atividade que o coloquem na posição de departamento fundamental da estrutura diretiva adequada ao melhor rendimento dos serviços. Embora a sua regulamentação date de há 41 anos, não se pode dizer que acuse desvio total da essência. Esta existe ali. Porém, hoje a mesma essência, com expressão mais avolumada e explícita, faz com que o Conselho careça de integrar-se em conceções de funcionamento ditadas pela lição dos factos, por novos horizontes que se têm aberto à técnica e à arte, impondo um contacto mais acentuado, mais determinado, dos seus componentes.
A missão da Imprensa Nacional, compreendendo finalidade produtiva pelo aperfeiçoamento e intensificação do labor das artes gráficas, envolve, ao mesmo tempo, objetividade pedagógica. Mercê de uma e outra, o Estabelecimento poderá e deverá, por evidenciação permanente do que vale, desempenhar o papel de inspirador do movimento gráfico português. Mantendo esta ideia em toda a ação a desenvolver corresponder-se-á à grande responsabilidade que impende sobre o nosso primeiro estabelecimento gráfico oficial como paradigma, que deve ser, do progresso das artes do livro e do jornal no País.
Ao Conselho Técnico cabe organizar e movimentar todas as partículas de estudo e produtividade, de modo que no seu conjunto assegurem a consecução dos fins a que se destina a Imprensa Nacional. Invocando o que consta dos relatórios das minhas missões no estrangeiro, insisto no pensamento de dar-se à mesma Imprensa posição que leve a reconhecê-la como centro de estudos de artes gráficas, no campo teórico e no campo prático. Enveredando-se, quanto ao primeiro, pela aquisição e divulgação de bibliografia gráfica, criteriosamente selecionada nos mais conceituados meios internacionais que dispõem dela, e, relativamente ao segundo, pelas observações diretas e experiências aturadas a cargo dos mais estudiosos, far-se-á a escolha apropriada de sistemas de trabalho.
Incumbência de alta importância é, sem dúvida, a de o Conselho Técnico estudar e propor o apetrechamento de maquinismos, relacionando-se, segura e eficazmente, entre as várias especialidades, de oficina para oficina, a fim de que não haja desencontro, imobilidade e anulação dos elementos adquiridos. E entre os utensílios com que urge fazer-se o equipamento de diversas secções devem figurar ferramentas atualizadas. A seleção de matérias-primas, básicas na execução das artes gráficas, representa, igualmente, atribuição muito transcendente, dela dependendo, também, o êxito das operações do trabalho.
Estas bases, expostas em síntese, por ora, mas suscetíveis de serem desenvolvidas se merecerem a honra de V. Exa. as perfilhar, tendem a fazer educação profissional de raiz, criando e conjugando aptidões.
Ao Conselho Técnico compete estimular esforços no sentido mais racional e encaminhá-los com o objetivo de resultarem proveitosos para o Estabelecimento. Sem invadir campos específicos, e, antes, libertando-os de insuficiências, provocando e acolhendo ideias de renovação, fornecendo-lhes os respetivos elementos de estudo aprofundado e promovendo, enfim, a sequência prática daquelas ideias, teremos o Conselho Técnico com a função desejada. Conferir-se-á, assim, personalidade a quem dirige, a quem trabalha, numa valorização comum, e da qual dimana o prestígio do Estabelecimento, com o maior louvor para quem o determine.
Considero, Senhor Ministro, que a marcha dos serviços administrativos e os seus resultados estão intimamente ligados à estruturação dos serviços industriais, e igualmente aos seus efeitos. Penso que uns e outros se completam como base de atuação da contabilidade, visto que a esta incumbe a investigação permanente do grau de rendimento do Estabelecimento, procedendo ao imprescindível apuramento financeiro da sua vida ativa.
E se a razão de ser da Imprensa Nacional começa por se definir pela sua denominação como Casa gráfica que é, entende-se que seja aos aspetos técnico e artístico da sua função que tudo se prenda. A Administração não terá de preocupar-se em remediar efeitos negativos, por inexistentes, uma vez que o conselho Técnico funcione na plenitude das suas bem moldadas atribuições. É, finalmente, de presumir que até os serviços de secretaria beneficiem da eficiência do mesmo Conselho no esclarecimento e na transmissão de matéria de ordem técnica nos contactos e nas relações exteriores da Imprensa.»