Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    Docs. Do Gab. do Adm. Bebiano (1929-1955), cx. 3
  • Tipo de documento
    Abaixo-assinado
  • De:
    Compositores das extintas tipografias do Estado
  • Para:
    Administrador da Imprensa Nacional [Gomes Bebiano]
Transcrição

«Exmo. Senhor Administrador da Imprensa Nacional de Lisboa,
Os compositores da extinta Imprensa da Universidade Coimbra, os da extinta Imprensa do Instituto de Ciências Económicas e Financeiras e dois dos compositores da também extinta Imprensa do Ministério da Agricultura abaixo assinados que tomam a liberdade de se dirigir a V. Exa. certos de que a justiça das suas palavras vale bem a benevolência com que V. Exa. se digne acolhê-las.
Não desconhece V. Exa., Senhor Administrador, como é ocioso, que estamos prestando serviço na Imprensa Nacional há já alguns anos, sujeitos ao trabalho que compete a qualquer dos seus empregados. Eis por que V. Exa. está com certeza ao facto do valor do nosso trabalho.
Não é a nós, evidentemente, que compete apreciá-lo. Mas como quase todos nós prestámos entre cinco e trinta e três anos de serviço ao Estado nas imprensas onde trabalhámos, supomos que esses anos e mais o tempo de trabalho nesta Imprensa que nos habilitarão a pensar que a nossa competência não é de tal modo inferior à dos nossos camaradas que para sempre fiquemos perante eles em situação de manifesta desigualdade. Contámos durante algum tempo com que a reforma dos serviços viesse modificar a nossa situação. A reforma dos serviços parece demorada. Nós, porém, continuamos a ganhar um salário mais que deficiente e a não ter sequer uma remuneração que se compare à do restante pessoal. Isto não impede, todavia, que outros camaradas nossos em circunstâncias idênticas às nossas sejam contemplados com uma melhor remuneração.
V. Exa. não ignora com certeza que as condições de vida na capital são muito mais duras com certeza que as condições que na província. Todos aqueles de entre nós que vieram da província vivem aqui com grandes dificuldades. Se não fosse a nossa angustiosa situação material, dia a dia mais agravada, nunca teríamos ousado dirigir-nos a V. Exa. Se o fazemos é porque no sentimos cada vez mais angustiados. O generoso coração de V. Exa. não pode deixar de sentir o nosso apelo. É, pois, para que ele que nós apelamos. Ele nos ouvirá e fará com que V. Exa. encare a nossa situação como digna de ser ponderada, equiparando o nosso salário ao dos nossos camaradas que nesta Imprensa se encontram em situação idêntica à nossa, mas com melhor remuneração.
Certos de que V. Exa. tomará em devida conta o nosso respeitoso pedido, subscrevemo-nos como a mais alta consideração.
Lisboa, 30 de setembro de 1938.»