CANHÃO, Manuel Lopes

  • Nascimento
    1898
  • Morte
    ?
  • Categoria Profissional
    Fundidor; Subchefe da oficina de Fundição de Tipos; mestre da escola de fundição
Biografia

 

INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional (folha de matrícula).

Natural de Aldeia de Nogueira, Oliveira do Hospital, nasceu em 21 de março de 1898, filho de António Lopes Canhão e Emília Costa Canhão.

Foi admitido na Imprensa Nacional como aprendiz de fundição em 1912. Em 1928, elaborou um plano detalhado de reorganização da Fundição de Tipos que veio a dar forma à proposta de reforma apresentada por uma comissão constituída para o efeito.

Defendeu, em relatórios e trabalhos publicados, a criação de caracteres inteiramente portugueses e a modernização dos processos de trabalho. Em dezembro de 1949 assumiu a direção da escola de fundição e, em abril do ano seguinte, foi promovido a subchefe da oficina.

Entre 15 de janeiro e 19 de março de 1951 visitou fábricas de fundição de tipos de imprensa francesas e italianas como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura. Entre os seus objetivos, destacou a importância de «elevar a fundição de tipos a um grau que faculte satisfazer as necessidades técnicas e artísticas da tipografia em Portugal, com influência na economia do País por os progressos então operados poderem dispensar a importação de tipos». Lopes Canhão era reconhecido pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Tipógrafos, Litógrafos e Ofícios Correlativos pelo seu «alto nível técnico» e pela proposta de criação de «caracteres de imprensa genuinamente portugueses, desde a conceção e o traço, o desenho, enfim, à sua fundição». Durante a viagem, visitou várias oficinas, laboratórios de ligas tipográficas e fabricantes de equipamento de fundição.

Uma parte dos resultados desta missão foi partilhada numa conferência realizada na Biblioteca da Imprensa Nacional, em 19 de março de 1952, em que sintetizou propostas com importância para o setor gráfico em geral, atendendo, sobretudo, ao papel da fundição de tipos na produção tipográfica.
Em maio de 1953 recebeu nova bolsa para realizar mais uma missão de estudo na Suíça, Bélgica, Holanda e Alemanha Ocidental.

As suas missões de estudo também abriram portas a programas experimentais e de orientação profissional, tendo especialmente em conta a necessidade de renovação da Oficina de Fundição e o plano de remodelação por ele desenvolvido.

No final da década de 1950 e já aposentado, foi convidado a integrar o Centro de Estudos do Livro Português com vista ao «estudo da letra de imprensa em Portugal» e à respetiva renovação tipográfica.
Deixou obra publicada sobre a fundição de letra e a produção do livro, nomeadamente: Os Caracteres da Imprensa e a sua evolução histórica, artística e económica em Portugal, Lisboa, Grémio dos Industriais de Tipografia e Fotogravura, 1941, e Nos Domínios da Arquitectura do Livro, Lisboa, Grémio Nacional dos Industriais Gráficos, 1952.