Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    Correspondência Expedida - Ministérios. 1867-1874 - cx. 4; s.c.
  • Tipo de documento
    Ofício
  • De:
    Administrador-Geral da Imprensa Nacional, Firmo Marecos
  • Para:
    Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Conde de Ávila
Transcrição

«No intuito de tornar este estabelecimento, em todo o ponto, interessante e útil à arte tipográfica, tenho com diligência empregado os meios ao meu alcance para, sucessiva e gradualmente enriquecer a biblioteca que nele existe, e que já hoje conta cerca de 10 000 volumes, em que se compreendem, além de um exemplar de todas as obras impressas nesta casa desde a sua fundação em 24 de dezembro de 1768, muitos livros excelentes em vários géneros de literatura e uma preciosa coleção de espécimes tipográficos e litográficos.
Para que porém essa biblioteca possa prestar mais profícuos serviços àqueles que exercem tão nobre arte, em os seus diferentes ramos, a cujo exame e estudo é meu firme propósito franqueá-la, logo que esteja concluído o impertinentíssimo [sic] trabalho de catalogação e outros arranjos necessários, faltam-me algumas edições dos primeiros séculos da tipografia, e careço absolutamente de algum espécime de impressão chamado tabulária.
Por vezes tenho procurado suprir esta mui sensível falta, mandando proceder pelo empregado da contadoria que tem a seu cargo a mesma biblioteca a diversas indagações neste género; e ainda ultimamente no leilão da magnífica livraria do falecido cavalheiro Gubian, o mencionado empregado foi licitar nas obras que formavam dela parte e estavam na casa que indico. Infelizmente porém a exorbitância dos preços a que subiram em praça não me animou a fazer a sua aquisição.
Ocorreu-me depois que na biblioteca pública de Lisboa deveriam encontrar-se duplicados de alguns antigos monumentos tipográficos, que nesse estabelecimento foram recebidos do depósito dos conventos extintos, e que na livraria da Imprensa Nacional poderiam ser mais frequente e utilmente consultados e apreciados, sem saírem aliás do domínio da nação.
Procurei entender-me a este respeito com os beneméritos funcionários que presidem à direção daquele belíssimo estabelecimento, nos quais, aliás, encontrei, como era de esperar, o mais benévolo acordo e bons desejos, e soube que com efeito é possível satisfazer em grande parte ao meu empenho, porquanto existem ainda alguns duplicados de preciosas edições dos séculos 15.º e 16.º [sic] feitas tanto em Espanha como em Portugal.
Para que porém possa realizar a convencionada transferência de quaisquer livros para a Imprensa Nacional, torna-se indispensável ordem superior; e por isso, em nome dos interesses literários e artísticos que este estabelecimento representa, rogo a V. Ex.ª se digne autorizar o mui digno bibliotecário mor da biblioteca pública de Lisboa a escolher e fazer entregar à Administração-Geral da Imprensa Nacional as obras a que me refiro […].»