«Tendo notado um enorme desequilíbrio entre as receitas liquidadas desta Imprensa e a despesa efetuada, resolvi indagar com a máxima urgência quais as causas determinantes desse estado de coisas, que tanto afeta os interesses do estabelecimento que V. Ex.ª superiormente dirige. Depois de um ligeiro estudo, reconheci logo que a origem do mal estava em não se haverem alterado as tabelas de preços das diversas oficinas em correspondência com a elevação dos salários decretada em maio e com a alta de preços das matérias-primas e demais artigos indispensáveis à sua laboração. O deficit acentua-se principalmente na oficina de impressão cujos lucros costumavam cobrir os prejuízos que notoriamente davam outras oficinas, como a gravura, litografia e alçado – e ainda na fundição de tipos.
Para V. Ex.ª fazer uma ideia do que se passa na impressão, dir-lhe-ei que no primeiro semestre deste ano económico essa oficina produziu apenas 18.528$39 e que o seu pessoal custou no mesmo período de tempo 25.324$32 de férias e 1.746$05 de diuturnidades. Junte-se a esta verba a percentagem necessária para cobrir a deterioração das máquinas e para despesas com tinta, óleos, potassa, etc., e ver-se-á quanto sobe o deficit.
Aumentou-se apenas de 50% os antigos preços da impressão mecânica quando se reconhece a priori que o aumento do salário do pessoal das máquinas orça por 150% mas o passado já não te remédio. O que se torna indispensável é fazer cessar tão grande prejuízo e por isso tomei a liberdade de me dirigir a V. Ex.ª, nos termos do n.º 16.º do artigo 24.º do regulamento.»