“Ao Ministro do Reino

Ill.mo e Ex.mo Snr. = Em consequencia de se ter retirado em 7 de Junho de 1836 a Guarda deste Estabelecimento que se compunha de um Cabo, e três soldados, a Comissão que então administrava este Estabelecimento, representou ao Governo em 11 do dito mês a mpossibilidade de poder responsabilizar-se pelos imensos objectos da Fazenda Nacional que nela se acham, sem que ao menos, visto a proximidade de que se acha de uma das Companhias da Cavalaria da Guarda Municipal, esta destacasse uma sentinela permanente para a porta do referido Estabelecimento, ao que se lhe respondeu por Portaria de 20 do mesmo mês, que não sendo possível em consequência da diminuta força que tinha a Guarda Municipal colocar-se uma sentinela à porta principal da referida Administração, ainda mesmo só de noite, era contudo factível colocar a Sentinela da sobredita Guarda próxima à Imprensa por forma tal que respondesse pela entrada deste Estabelecimento, e recomendar-se igualmente à patrulha de Infantaria que rondasse no sítio, a mais constante vigilância sobre o mesmo serviço. Tendo sido interrompido o cumprimento desta determinação, eu oficiei ao Comandante Geral da Guarda Municipal em 7 de Novembro ultimo expondo-lhe que na presete estação o edifício estava muitomais exposto pela extensão e escuridade das noites, e por isso se tornava de absoluta necessidade o exacto cumprimento da citada Portaria; o referido Comandante passou as convenientes ordens; mas ou não foram cumpridas, ou não produziram o efeito que se desejava, pois que na noite de 6 para 7 do corrente efectivamente o edifício foi assaltado pela parte dos Patios de que se achavam indicios muito visiveis, e se desta vez, não levaram a efeito os seus designios e muito provavelmente o conseguirão noutra ocasião: Nestas circunstancias, tenho a honra de expôr a V. Ex.ª que se torna de absoluta necessidade o restabelecimento da dita guarda, o que agora não será difícil visto achar-se em Lisboa força de Linha a quem este serviço possa ser cometido, pois que sem tal providencia desde já desclaro que não posso ser responsável por qualquer desastre que possa acontecer a este grande Estabelecimento. (…) Lisboa e Administração Geral da Imprensa Nacional 9 de Janeiro de 1838 = Ill.mo e Ex.mo Snr. Júlio Gomes da Silva Sanches Secretário de Estado dos Negócios do Reino = José Liberato Freire de Carvalho” (pp. 24-25)